Ambientalista foi assassinado no dia 22 de dezembro de 1988
No dia 22 de dezembro de 1988, os jornais de Rio Branco amanheceram mostravam os preparativos para o Natal. No dia seguinte, 23, as manchetes traziam a morte de um homem que marcaria para sempre a história do Acre e renderia notícias por muitos anos. É assassinado, em Xapuri, Chico Mendes.
Meses antes, esse homem simples, nascido no seringal, estava recebendo vários prêmios na área de ecologia e meio ambiente e sua luta em defesa da Amazônia. Ele foi homenageado na ONU com o Global 500.
Esteve no Rio de Janeiro conquistando homenagens e virando um digno representante da floresta Amazônica. O inesperado nessa história de luta é que o mesmo motivo de sua glória foi o de sua morte: a luta em defesa da floresta.
Chico Mendes começou uma luta desigual: de um lado os fazendeiros com o poderio econômico e a sede de transformar tudo em pasto e negociar a madeira. No outro extremo, os seringueiros na iminência de serem expulsos de suas colocações e ficar sem sua renda.
liderando esse grupo de homens da floresta, Chico Mendes vai conseguir impedir que as áreas sejam ocupadas pelo latifundiário. Surge na mata uma técnica que ficará imortalizada: o empate.
Os seringueiros se reúnem e impedem a entrada de máquinas e motosserras – protegem com o corpo as árvores. Os empates duravam dias e, no final, mesmo com a forte pressão, os seringueiros conseguiam impedir a entrada do fazendeiro.
Chico Mendes vai ficar conhecido em 1975 quando vira secretário do sindicato rural de Brasileia e começa as primeiras organizações na luta pela terra.
Dois anos depois funda o sindicato de Xapuri e consegue se eleger vereador. Em 1980, Chico ajuda a fundar o PT e vai ter os primeiros contatos com o ex-presidente Lula.
No ano seguinte, é eleito presidente do Sindicato Rural de Xapuri e sete anos depois consegue trazer para o município uma comissão da ONU para mostrar a devastação da floresta.
Na época, o estado receberia uma grande soma em dinheiro em forma de financiamento do BID, o Banco Interamericano de Desenvolvimento, mas as denúncias de chico mendes fizeram o banco suspender o empréstimo. Chico Mendes viu aumentar sua lista de inimigos.
Os principais empates aconteceram no seringal Cachoeira. O Nilson Teixeira, primo de ChicoMmendes, continua na mesma região que foi transformada em reserva graças à luta dos seringueiros. Hoje, ele é guia turístico numa luxuosa pousada que foi construída na área onde os seringueiros se reuniam para enfrentar os fazendeiros.
O lugar ainda guarda muito da floresta nativa e virou um local muito visitado para quem gosta de curtir a mata e ter um pouco de conforto ao mesmo tempo.
Durante a entrevista, ele nos chama para mostrar um pouco da floresta foi tirar uma jararaca que estava próxima demais da cabanas. E, ao mesmo tempo, contando as disputas com os fazendeiros.
Ele conta que a luta do grupo liderado por Chico Mendes não foi fácil. Apesar do medo, eles nunca desistiram da terra onde viviam e sustentavam as famílias.
Pousada
A pousada no seringal cachoeira virou símbolo da luta. Na área ainda é possível notar animais e o som da mata.
Mas é só andar alguns metros e notamos que uma parte da madeira que Chico mendes tanto defendia para que ficasse em pé, está no chão amontoada, no mesmo local onde os empates aconteceram. Os seringais estão perdendo as características, o gado que tanto o líder seringueiro tinha medo que ocupasse essas terras agora é predominante.
A imagem do seringueiro foi substituída pelo peão de fazenda. Os pastos estão a perder de vista. Tudo que chico tinha medo.