Trabalho exige equilíbrio psicológico e físico
Quem passa pelo calçadão da Benjamin Constant, no centro da capital acreana, encontra por ali uma certa aglomeração de pessoas em torno de uma estátua. Mas esta tem algo diferente. Ela se move, faz barulho e ainda brinca com o público.
Dos mais jovens aos mais experientes, a admiração e o encanto pelo trabalho de Robson Dutra é certo. A cada moeda ou nota depositada, o artista retribui com algum gesto. Seja um cumprimento, agradecimento e no caso das mulheres, até um beijinho na mão.
Lá se vão dez anos como artista das ruas. Profissão que o rondoniense aprendeu com o primo. Um começo cheio de dificuldades. “Ficava 40 minutos e as pessoas diziam: -você está tremendo, estátua!”, lembra com um sorriso no rosto.
Robson revela que para ser estátua é preciso ter equilíbrio psicológico e físico. Com o tempo, a experiência veio e o artista conta que chegou a ficar cinco horas como estátua. Ao final, o momento mais difícil. Ele não conseguiu se movimentar, foram precisos alguns minutos para se recuperar.
Além disso, vida de estátua viva não é fácil. Ele fala que o trabalho não é bem aceito por algumas pessoas. “Recebo isso como crítica construtiva”, enfatiza. Também tem aqueles que não colaboram. “Uma vez, uma mulher passou e me empurrou. Cai do tablado e continuei como estátua”, diz.
Outro momento inusitado, um usuário de drogas pegou o cofre e saiu correndo. Mais adiante, o homem foi mobilizado. “Todas as moedas caíram no chão. Foi uma bagunça”, conta o artista. Robson já rodou vários estados e comenta que o acreano é o que mais valoriza o trabalho desenvolvido por ele.
“Nunca achei um povo que colabora igual aqui no Acre”, afirma. Há menos de um mês ele mora em Rio Branco. Diariamente, ele costuma se apresentar no calçadão e na gameleira. Acompanhamos a preparação de Robson. Primeiro ele observa o movimento de pessoas.
Quando o fluxo é maior, o artista começa a transformação. Tudo começa com a roupa. Em seguida, a maquiagem prateada, própria para estátua viva. Em trinta minutos sai o Robson Dutra e surge o cowboy.
A recepção do público é imediata. Rapidamente, as pessoas se aglomeram ao redor da estátua. Moedas e mais moedas são depositadas. As crianças ficam fascinadas e esboçam várias reações. Algumas tocam na estátua e outras, com medo, saem correndo.
“É legal e muito engraçado”, essa é a opinião de Eduardo Oliveira, de oito anos de idade. A performance chama atenção de muitos adultos, como o caso de Antônio Tavares. “Ele trabalha muito bem”, destacou. E é assim que Robson vai levando a vida, encantando as pessoas com a arte e ao mesmo tempo garante o sustento da família.