“Ouvia a conversa, as histórias, imaginava aquilo e começava a desenhar”
Aos oito anos de idade o paraense Enock Carvalho da Silva descobriu sua maior paixão: o artesanato. Mais de meio século já se passou e o amor pela artes plásticas continua o mesmo de sempre.
Enock é um legítimo amazônida. E isso tem uma explicação. O convívio com seringueiros e pessoas que vivem na floresta despertou nele a curiosidade pelo folclore da região. “Ouvia a conversa, as histórias, imaginava aquilo e começava a desenhar”, relata.
Em 2008, Enock veio embora com a família para Rio Branco. Há quatro anos, ele construiu a casa própria na Vila Custódio Freire. O artista começou, então, a transformar o sonho em realidade.
O quintal, aos poucos, se transformou em uma galeria de artes a céu aberto. Primeiro veio a construção do portal de entrada. O local foi representado pelos povos indígenas. Logo depois, veio o mapinguari gigante de cinco metros de altura.
Logo no início, o artesão lembra que os vizinhos não gostaram muito da ideia. “Eles pensaram que eu estava fazendo um terreiro de macumba. Mas expliquei que não tinha nada a ver”, conta.
Cobra grande, Matita Pereira, Curupira e a sereia Iara são alguns personagens que dão as boas vindas de quem visita o local. Como a casa fica as margens que dá acesso ao aeroporto da capital acreana, vários turistas vazem questão de conhecer o espaço.
“Sempre escuto as freadas dos carros. Eles param, olham e quando dá tempo, visitam e tiram fotos. Aqui já veio gente de Brasília, Alemanha e da França”, informa o homem de 63 anos de idade.
Até o fim do ano, Enock pretende concluir a construção. Mais que realizar um sonho, o desejo do artista é gerar renda e beneficiar outros moradores da comunidade. De graça, ele ministra oficina para jovens. “Quero ganhar junto com os moradores. Meu objetivo é fazer daqui um ponto para a venda de peças artesanais já que estamos em um local estratégico”, finalizou.
Para conhecer a ‘Casa do Mapinguari’ basta ir a Vila Custódio Freire. O espaço fica aberto durante o dia. Além disso, o visitante tem a opção de contribuir voluntariamente com o trabalho desenvolvido por esse artista de mão cheia.
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