Em entrevista ao programa Gazeta Entrevista, nesta segunda-feira (30) o coordenador da Defesa Civil de Rio Branco, Coronel Cláudio Falcão, fez um alerta sobre os desafios enfrentados pelo órgão frente às mudanças climáticas, ressaltando a importância de medidas preventivas e ações emergenciais para mitigar os impactos das enchentes e estiagens que têm afetado a capital acreana e o estado do Acre.
Segundo o Coronel Falcão, os níveis dos rios na região apresentam comportamento imprevisível, com variações abruptas que dificultam a atuação da Defesa Civil. Ele citou o caso recente em Brasileia, onde o nível do rio subiu de 2,5 metros para 9 metros em apenas dois dias, atingindo a cota de alerta, e depois voltou a baixar rapidamente. Essa volatilidade tem se tornado uma característica frequente devido ao aumento significativo das chuvas nos últimos anos.
“O Rio Acre não se comporta mais como antes. Não temos mais enchentes graduais; elas vêm de uma única vez, o que dificulta o planejamento do socorro”, afirmou Falcão.
Para o coordenador, uma solução eficiente seria decretar “situação de emergência permanente” em Rio Branco, visto que nos últimos anos a cidade enfrentou uma sequência de emergências, incluindo inundações, estiagens e problemas no abastecimento de água. “Se tivermos um decreto permanente, poderemos agir de forma imediata, sem depender da formalização de novos decretos a cada evento”, explicou.
Falcão destacou que a ocupação irregular das margens dos rios e igarapés é um dos maiores desafios enfrentados pela Defesa Civil. Ele defendeu a remoção permanente de famílias dessas áreas, como uma medida essencial para prevenir tragédias.
“Se as populações não estivessem nas margens do Rio Acre ou do Igarapé São Francisco, muitas delas não teriam sido afetadas pelas enchentes históricas, como a de 2023”, disse. Ele enfatizou que, além de retirar as famílias, é crucial evitar a reocupação dos locais por meio de uma fiscalização rigorosa.
Outro ponto de destaque foi a situação dos produtores rurais e ribeirinhos, que sofrem com prejuízos consecutivos devido às enchentes e estiagens. “Essas pessoas são as mais afetadas, perdendo suas produções e enfrentando desabastecimento de água. Precisamos direcionar mais atenção para elas”, reforçou o coordenador.
O coordenador alertou sobre os efeitos das mudanças climáticas na bacia do Rio Acre, com previsões de seca extrema para 2032, caso as tendências atuais persistam. “O que esperávamos para 2030 já aconteceu em 2024. Isso mostra que os eventos estão se antecipando, e precisamos nos preparar para enfrentar essas novas realidades”, afirmou.
A entrevista deixa clara a urgência de ações preventivas e investimentos em infraestrutura e fiscalização para proteger as populações mais vulneráveis e enfrentar os desafios impostos pelas mudanças climáticas no Estado.