Até o momento, pelo menos 10 vítimas se apresentaram
Por Aline Rocha para TV Gazeta
Um acidente registrado na última sexta-feira,03, em Rio Branco, que envolveu um carro e uma motocicleta, trouxe uma grande repercussão no Acre. Pois, a imagem de um dos envolvidos na colisão está circulando nos meios de comunicação e com isso, várias mulheres acabaram o reconhecendo como estuprador.
O envolvido no acidente é Sandro Torres Cavalcante, de 56 anos. Ele é acusado por diversas mulheres de ter supostamente cometido crimes de estupro e aliciar meninas menores de idade. Além disso, em vídeos gravados por algumas vítimas, que preferiram não se identificar, relataram sobre a situação.
O site Agazeta.net recolheu as falas das vítimas e trouxe para a reportagem. Para quem desejar assistir o material feito pela TV Gazeta, clique aqui, e será direcionado para a reportagem em vídeo. Segue abaixo as falas das vítimas que pediram para não serem identificadas.
“Ele morava na esquina da rua da minha casa, e era de costume toda vez eu sair para rua e brincar com a minha irmã. Um certo dia sai de casa sozinha e ele estava em frente à casa dele, quando passei, me chamou, e em seguida, começou a me fazer perguntas de onde eu morava, com quem morava e a minha idade. Me perguntou o que eu gostaria de ganhar de presente. Então, ele disse que poderia ir na casa dele no outro dia seguinte, porque ele daria o que eu queria. No momento em que entrei na sua casa, ele me sentou na cama e foi onde tudo começou. Me beijava, aliciava as minhas partes íntimas e repetia várias vezes que era tudo como amigo. Tudo que ele estava fazendo era como amigo. Eu estava sem nenhuma reação e não tinha noção do que estava acontecendo. Ele tirou a roupa e ficou completamente nu na minha frente e fiquei sem nenhum tipo de reação”, relembra.
O depoimento de algumas mulheres fez outras vítimas criarem coragem de falar, inclusive vítimas que hoje, já não moram mais no estado.
“Eu conhecia o Sandro de quando ele morava no Castelo Branco. Eu tinha mais menos 10 anos de idade. Tinha como trajeto ir para o trabalho da minha mãe, ela trabalhava de doméstica, e com isso, eu sempre passava pela rua dele. Então, por várias e várias vezes, ele mexia comigo, queria trair com dinheiro e doces. As vezes ficava com shorts samba canção mostrando os seus órgãos”, conta.
Nas redes sociais, mulheres também se manifestaram através dos comentários. Até o momento, pelo menos 10 vítimas se apresentaram. Outras relataram que conseguiram fugir de Sandro.
Segundo relatos, Sandro Torres costuma atacar vítimas menores de idade, na faixa de 8 a 10 anos. Uma das mulheres relembrou como ele agiu de quando ela ainda era criança
“O fato aconteceu quando eu tinha 8 de idade. Na época, estava na casa minha mãe, quando ele passou de bicicleta vendendo quadro e chegou até a mim e perguntou: você quer trabalhar e ganhar R$ 10,00. E eu disse: quero. Era o meu sonho alisar o meu cabelo, pois éramos bem humildes e ele chegou até mim. Chegando no Castelo Branco, ele disse que eram duas blusas duas bermudas, e comecei a lavar do meu jeito de criança, porque eu não sabia lavar roupa. Foi então que perguntei: moço, cadê a minha bermuda, preciso ir para aula. Aí ele tirou a bermuda, e já estava excitado, após isso, começou a me agarrar e me beijar, e tocar nos meus seios. Consegui correr, passar por uma salinha, gritei e ele começou a tirar minha calcinha e esfregar o pênis em mim e na minha vagina. Começou a queimar mundo e lembro como se fosse hoje. Foi então, que os rapazes do quartel vieram me socorrer e sai de lá com muito medo. Não consegui contar pra minha mãe”, conta.
Após repercussão do caso, duas mulheres compareceram a sede provisória da Delegacia da Mulher (Deam), localizado no bairro Cadeia Velha, nesta quarta-feira,8, para registrar Boletim de Ocorrência contra o Sandro Torres.
“Nós aqui da Delegacia da Mulher, recebemos duas mulheres que se afirmaram vítimas desse cidadão e registraram a ocorrência. Elas receberam atendimento em cartório, estão sendo encaminhamento para o atendimento psicológico. São atendimentos que elas precisam ter, para não se sentirem injustiçadas a vida toda”, explica a delegada titular da Deam, Elenice Frez.
Apesar dos crimes terem acontecido há alguns anos, a Procuradora de Justiça do Ministério Público do Acre (MPAC), Patrícia Rêgo reforça a importância da denúncia e ressalta que a prescrição do crime é analisada conforme cada caso concreto.
“Elas têm que ir a uma Delegacia de Polícia, e eu sugiro que se for aqui em Rio Branco, vá a Delegacia da Mulher, devido a existência de uma investigação em curso, pois algumas vítimas foram lá. Caso contrário, procure a Delegacia da sua cidade. A gente também pode no MPAC, receber essa denúncia dessas vítimas, pois nós temos um centro de atendimento a vida”, explica a Procuradora de Justiça.
Além de evitar que os crimes sejam impunes, as denúncias também irão ajudar a prevenir que Sandro torres faça novas vítimas.
“Geralmente o infrator ele tem um padrão, principalmente se tratando de estupro, estupro vulnerável. O pedófilo volta a cometer os crimes, pois você ver que várias vítimas aparecendo. Com isso, é importante que as pessoas denunciem, para que não aconteça com outras mulheres”, finaliza Patrícia Rêgo.