No 1º pregão do ano, moeda registra elevação de 1,31%
O dólar iniciou 2014 em alta em relação ao real, em uma quinta-feira de poucos negócios e marcada por um aumento generalizado da aversão ao risco nos mercados internacionais. No primeiro pregão do ano, o dólar à vista, referência no mercado financeiro, encerrou o dia com elevação de 1,31%, a R$ 2,393, o maior patamar desde 27 de agosto, quando a moeda fechou a R$ 2,395.
Já o dólar comercial, usado no comércio exterior, subiu 1,44%, a R$ 2,391, o maior valor desde 22 de agosto (R$ 2,432). De acordo com especialistas ouvidos pela reportagem, o baixo número de negócios no mercado cambial intensificou a volatilidade em torno da moeda.
“Esses dois dias (quinta e sexta-feira) são dias de negócios reduzidos por estarem entre o feriado de Ano-Novo e o fim de semana. Muitos investidores ainda estão viajando. Então qualquer compra – uma importação, por exemplo – ou qualquer venda – atividade regular de uma multinacional – que não causariam danos em um dia comum dão uma impressão distorcida em um dia de poucos negócios”, argumentou.
Novo modelo
Ontem, o Banco Central deu início a seu novo modelo de atuação no mercado cambial. Seguindo os novos moldes de seu programa de leilões diários, o BC ofereceu 4.000 contratos de swap cambial – que equivalem a uma venda futura de dólares- com vencimento em 2 de maio por US$ 199 milhões. Com isso, a quantidade de dólares no mercado diminui.
No ano passado, o BC oferecia dez mil contratos por dia nas ofertas de swap cambial tradicional de segunda a quinta-feira, e realizava também leilões às sextas-feiras de dólares com compromisso de recompra. Mas, depois que o Federal Reserve (Fed, banco central norte-americano) anunciou o corte dos estímulos que dá à economia dos Estados Unidos, o BC decidiu reduzir a oferta de dólares em suas intervenções diárias.
A interpretação de analistas foi a de que a redução dos estímulos nos EUA – e US$ 85 bilhões mensais para US$ 75 bilhões- será progressiva e que os juros daquele país não deverão subir até 2015, o que diminui o risco de uma disparada do dólar no Brasil em razão de uma eventual fuga de capitais para os EUA, na esteira da recuperação da economia americana, justificando a medida do BC brasileiro. Alguns dados negativos oriundos da China também acabaram pressionando em alta a moeda americana nesta quinta-feira.
O Índice de Gerentes de Compras (PMI, na sigla em inglês) – que mede a atividade industrial chinesa- divulgado pelo governo caiu de 51,4 em novembro para 51 no mês passado, o que aponta para uma desaceleração da segunda maior economia do mundo no último trimestre de 2013.
A desaceleração também foi apontada pela pesquisa do HSBC/Markit, cujo PMI caiu para mínima de três meses, de 50,8 em novembro para 50,5 em dezembro. A leitura de ontem ficou inalterada ante o dado preliminar divulgado no mês passado.
“Sempre que tem dado ruim da China mexe com o mercado, pois aumenta a fuga dos investidores de ativos de risco de países emergentes. O investidor está mais cauteloso”, afirma.
Ibovespa
O Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores brasileira, começou o ano, em seu primeiro dia útil, com desvalorização e caiu 2,26%, aos 50.341 pontos.
A Bolsa reagiu ao mau humor internacional provocado pelos dados ruins da China, diz Pedro Galdi, analista-chefe da SLW Corretora. “Os indicadores de atividade industrial vieram fracos, trazendo preocupações em relação ao ´pouso suave´ chinês”. Para ele, o volume financeiro está abaixo do negociado em dias normais. Ontem, foram comercializados R$ 5,5 bilhões na Bolsa.
Realização de lucros
De acordo com Ricardo Nogueira, superintendente de operações da corretora Souza Barros, os investidores também aproveitaram o dia para embolsar parte dos lucros da última segunda-feira, quando o Ibovespa aumentou em 0,46%.
“Hoje (ontem) e amanhã (hoje) vão ser dias fracos em termos de volume e de expressão das cotações. Muitos investidores estão aproveitando para ajustar suas carteiras, aproveitando a agenda fraca da semana”, afirma Pedro Galdi.
As ações da mineradora brasileira Vale, que representam 11,53% do Ibovespa, acabaram registrando forte queda. Os papéis preferenciais da empresa – mais negociados – tiveram baixa de 2,47%, a R$ 31,92. Já os ordinários – com direito a voto – apresentaram uma redução de 2,52%, a R$ 34,81.