150 agentes participaram da Operação Êxodos
Polícia Civil deflagra operação em Rio Branco e Cruzeiro do Sul para desarticular líderes e liderados do Comando Vermelho no Acre. A “Operação Êxodos” resultou na prisão de 63 pessoas, e entre elas estão líderes comunitários e assessores de um deputado federal.
Mais de 90 medidas judiciais foram cumpridas desde a madrugada desta quinta-feira (15), em Rio Branco e Cruzeiro do Sul, durante a primeira fase da operação “Êxodo”.
Foram cumpridos 63 mandados de prisão e 32 de busca e apreensão. Entre as acusações estão: roubo, homicídio, tráfico, associação para o tráfico e ataques a patrimônios. De acordo com o delegado Alcino Júnior, 40% dos suspeitos já estavam cumprindo pena em unidades prisionais do Estado.
Para o Secretário de Estado de Segurança Pública, Emylson Farias, a operação “é um golpe duro na criminalidade e vai resultar em mais tranquilidade à população”.
Em coletiva de imprensa, foi apresentado o organograma dos integrantes do Comando Vermelho. Paulo Roberto Amorim, conhecido por “Paulinho Calafate”, foi apontado como o líder da facção.
Abaixo dele a polícia colocou Júlio Navarrete Quispe, conhecido como “Peruano”. Ele foi preso no mês de agosto acusado de porte ilegal de arma e tráfico de drogas. O “Peruano” é proprietário de um bar conhecido como Quiosque da Bruna.
A mulher dele, Bruna Vieira da Silva também foi presa na operação e na delegacia se defendeu dizendo que está sendo alvo de perseguição. “Eu não tenho passagem na polícia, não devo nada a ninguém. Meu marido foi preso com arma, por que a gente é comerciante. Agora eu tô presa num negócio de comando. Nem sei, meu Deus, da onde tiraram isso! Nunca me envolvi com isso!”, disse.
Entre o grupo de presos, estão 9 líderes comunitários. A investigação apurou que essas pessoas contribuíam significativamente com o Comando Vermelho na Capital. Promoviam, segundo a polícia, bingos que tinham objetivo de arrecadar dinheiro para financiar as atividades criminosas. Durante os atentados de agosto, os líderes comunitários teriam sido responsáveis por alimentar o pânico entre suas comunidades.
Em um desses bingos, a polícia encontrou Érika Cristina Oliveira. Ela é casada com Mariceudo do Nascimento, conhecido como “Ramosflay” que, segundo as investigações, é um dos líderes da facção. No local, a polícia afirma que apreendeu drogas e dinheiro. Érika se defendeu das acusações.
“Se meu marido participa dessa organização não sei, mas ele foi preso. Esse bingo aconteceu no dia dos pais, não sei se era do Comando Vermelho, mas nós fomos. Agora se for me prender por causa desse bingo, vão ter que prender muita gente”, declarou a imprensa.
A polícia também ligou Érika e o marido ao parlamentar Wherles Rocha. Ela seria assessora formal e o marido, assessor informal.
“O Ramosflay é o braço direito do Paulinho Calafate e atuava tanto na convocação de reuniões quanto nos atentados, incêndios e outros crimes. Ela [Érika] atuava em conjunto com o marido. A gente está investigando eventual participação e auxílio de parlamentares. Hoje a gente sabe que as organizações criminosas tendem a tentar levantar candidaturas”, explicou o delegado Alcino Júnior.
Érika não negou que o casal trabalha para o deputado federal e questionou o fato das acusações envolverem o nome de Rocha.
De acordo com o secretário de Polícia Civil, Flávio Portela, a operação Êxodo terá como o próprio nome sugere, desdobramentos.
O promotor de Justiça, Bernardo Fiterman, representando Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público do Estado, também participou da coletiva e afirmou que o apoio à operação Êxodo foi irrestrito.