Descontruir tabus em relação a beleza da mulher
Um grupo de amigas resolveu fazer um ensaio fotográfico sensual em homenagem ao Dia Internacional da Mulher. O que difere este, de tantos outros ensaios fotográficos, são as modelos.
O perfil do povo brasileiro é justamente não ter perfil. A mistura de raças resultou em uma população bastante plural. Mas, alguns padrões foram estabelecidos para desenhar o que a moda dita como requisito de beleza corporal. Ser alta, magra, ter cabelos longos e lisos. Esse é o padrão visto nas passarelas da moda. O problema é que muitas pessoas passaram a considerar essa fotografia como a da mulher ideal
Cansada de só ver mulheres magras tendo a beleza valorizada nas redes sociais, a blogueira Alana Manchineri entendeu que já era o momento das gordinhas reivindicarem o seu espaço. “A gente está aproveitando o Dia Internacional de Luta das Mulheres pra poder dar uma divulgada em corpos reais, já faz um bom tempo que nós do Blog Star Power Plus, queremos fazer um ensaio de mulheres gordas para mostrar a beleza da mulher, seja gorda, seja magra, enfim, porque nós mulheres somos linda e de luta em todos os momentos.”
A professora Gleiciane Mesquita foi uma das modelos a posar para as câmeras. Hoje ela fala da importância da auto aceitação e confessa que durante muitos anos, principalmente na adolescência, sofreu bastante por ter sido alvo de preconceito devido ao peso. “Na minha adolescência eu senti muito esse peso de ser gordinha, eu fui uma criança gordinha, eu fui uma adolescente gordinha, e quando você está lá no meio daquele galerinha e ver aquelas meninas, lindas magras, você acha que também precisa ser magra pra ser linda, e na verdade não é. Então quando entrou na minha cabeça de dizer assim:- ah, eu sou gordinha, mas eu sou linda, eu sou maravilhosa… então esse é o ápice de você ser notada também.”
A fotógrafa convidada para realizar o trabalho foi Isabelle Bregenese. Ela, que conta nunca ter feito nenhum trabalho parecido, confessa que ficou encantada com o que viveu e produziu. “É completamente diferente, completamente novo, porque eu tenho costume de tirar foto de outras pessoas, mas sempre aquelas mesmas poses, é sempre meninas magrinhas, e quando eu vi as meninas lá se amando, eu tinha um certo preconceito com o meu corpo, mas depois de participar da experiência com elas, eu fico olhando. Porque eu tenho esse preconceito? Eu também sou gordinha, então eu também tenho que me aceitar como eu sou.”
E essa foi a intenção quebrar tabus e desfazer preconceitos, “a gente idealizou fazer esse ensaio , são fotos sensuais de verdade, porque a gente só olha nas capas de revistas mulheres magras, então a gente está mostrando a sensualidade da mulher gorda, e também tentando tirar esse tabu da palavra gorda. Gorda não é sinônimo de feia, nem sinônimo de doença, então a gente precisa estar desfazendo esses preconceitos”, concluiu Alana.