Diagnóstico errado para HIV traumatizou doadora
No final de 2014, o servente de pedreiro e marido de J.G do N teve um acidente de trabalho. Foi grave. Ele até hoje ainda tem sequelas e se recupera recebendo pensão do INSS. À época, as cirurgias necessárias exigiam doação de sangue específica. Eram necessários três doadores.
A esposa se prontificou a doar. A partir daí, a vida do casal se complicou ainda mais. Um mês depois, ela foi buscar o resultado dos exames normalmente feitos no Hemoacre. “Elas pediram para eu repetir os exames porque ‘havia dado errado’, foi a explicação”, lembra J.G do N.
Ela refez os exames. Já era início de 2015. Nova ida ao Hemoacre. J.G do N foi encaminhada para uma sala específica onde havia três profissionais que anunciaram o diagnóstico fatal. “Fiquei em estado de choque”.
“Fui encaminhada para iniciar o tratamento. O médico que me atendeu nem olhou direito para mim. Ele, em nenhum momento, disse que os exames feitos no Hemoacre resultariam em um diagnóstico provisório. Ele já me tratou como se eu tivesse a doença. Anotou os exames que eu tinha que fazer e pronto. Além de constrangida, eu estava passando por um momento difícil da minha vida, meu esposo acidentado, dificuldade de toda ordem e um tratamento dessa forma. Não houve acolhida”.
Ela não acreditou no que ouviu. Mesmo sem dinheiro, paralelamente aos exames feitos nas instituições públicas, ela partiu para a rede privada. “Eu não tinha a doença. Eu não tenho a doença”, constatou. “Pra mim, ficou clara a forma injusta e desumana como muitos médicos tratam das pessoas. Não medem a forma de falar, de conversar com as pessoas”. Por isso, resolvi buscar a Justiça. Nós não podemos calar. Não podemos ficar caladas. Se ficar calado, haverá mais vítimas como eu”, disse. “Eu não me calo mais”.
GOVERNO DO ESTADO DO ACRE
SECRETARIA DE ESTADO DE SAÚDE
Nota de Esclarecimento
A direção do Centro de Hemoterapia e Hematologia do Acre (Hemoacre) esclarece que
os exames realizados na unidade não têm objetivo de diagnosticar indivíduos. Contudo, em caso de positividade em quaisquer exames, eles são encaminhados a um serviço especializado a fim de esclarecer resultados.
Os exames são realizados pelo grau de sensibilidade exigido pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e Ministério da Saúde (MS), podendo ter resultados falsos positivos.
Quando o doador é chamado a comparecer no Hemoacre, devido a um resultado
reagente, ele é informado de que pode se tratar de um resultado ‘falso positivo’, sendo necessário avaliação de um médico infectologia, que irá descartar ou confirmar, por meio de exames específicos, o resultado.
Ao receber as informações sobre o resultado do exame, o doador assina um termo de
ciência e, em seguida, é encaminhado ao Serviço de Assistência Especializada (SAE) para mais informações e esclarecimentos.
Vale ressaltar que o Hemoacre oferta serviços de excelência em hemoterapia e
hematologia no estado, considerando os direitos dos usuários e o respeito à cidadania.
Rio Branco – Acre, 27 de setembro de 2016.