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Falta investimento em pesquisa denuncia cientista

“Das 200 mil espécies de plantas que temos, 1% sequer foi estudada”

Há 10 anos, o professor doutor Renildo Cunha desenvolve pesquisas com produtos naturais no laboratório de Fisiofarmacologia da Universidade Federal do Acre(Ufac).

Nesse tempo, o professor destaca o estudo com a Croton leschieri, planta popularmente conhecida como ‘sangue de grado’ e utilizada para amenizar dores e infecções.

O teste realizado diversas vezes em camundongos mostrou um efeito mais duradouro quando comparado a morfina, substância utilizada pela medicina e que possui alto poder analgésico em dores severas.

“Encontramos uma leve atividade analgésica, anti-inflamatório e cicatrizante. Quanto a comparação, ela segue a mesma via de ação da morfina. O efeito é muito menor que a morfina. Agora, com um detalhe. O efeito da morfina é muito bom, porém passageiro. E o de sangue de drago é mais duradouro”, explicou.

Renildo afirma que os estudos têm apenas caráter científico. Quanto ao possível desenvolvimento de medicamentos, ele enfatiza que o processo não é tão simples e que as pesquisas estão em fases primárias.

Por outro lado, Cunha argumenta que são experimentos como o de ‘sangue de drago’ que podem colocar o Acre no centro das atenções de estudos farmacêuticos voltados para o uso de plantas da floresta.

“É uma riqueza inesgotável. O que falta é um incetivo na base para dar sustentação a outras pesquisas voltadas para a indústria. O Brasil ainda não tem a consciência de investimento, principalmente, para as doenças negligenciadas”, pontuou.

O professor doutor ainda apontou que existem, pelo menos, 200 mil espécies de plantas. Desse total, 1% sequer foi estudado cientificamente. “O governo brasileiro se gloria de que 80% das pesquisas saem das universidades. Mas na verdade, é ínfimo o dinheiro que é colocado para as pesquisas”, concluiu.

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