Caso sério
O Instituto Adolfo Lutz talvez nem tenha dimensão do estrago que causou. O resultado dos exames que constataram o Trypanosoma cruzi atinge um comércio já consolidado do açaí, uma fruta com forte identidade cultural. Nas cinco amostras apresentadas ao renomado instituto, todas (frisa-se: todas) apresentaram presença do protozoário que causa da Doença de Chagas. O instituto fez a parte dele. O Acre é que não tem feito o que lhe cabe.
Sem brincadeira
A iniciativa do Governo do Acre em provocar o instituto para verificar como anda a qualidade do açaí produzido aqui precisa ser ressaltada. Foi louvável. Deveria, isto, sim, ser uma norma de Estado esse tipo de procedimento: tudo em nome da saúde de quem consome o que se produz aqui. É uma questão tão séria que implica até na credibilidade do ciclo de produção dos produtos florestais, a espinha dorsal da retórica do atual governo.
Sem brincadeira II
A situação expôs como o poder público não tem controle sobre o ciclo produtivo do açaí. Há dois pontos a serem ressaltados: 1) o governo já tem mapeadas as regiões em que há maior escala de extração/produção. Nesses locais, é possível instalação de indústrias de beneficiamento com pasteurização e higienização. Um esforço que envolveria Governo, Banco da Amazônia, Cooperativas e Federações de Trabalhadores em Agricultura; 2) a falta de controle no processo de produção também guarda relação com outro insumo: a água. Quem garante que parte da água com que se maneja o vinho não está contaminada com vírus da hepatite? Não é especulação. É uma dúvida que não há ninguém que responda com segurança.
Fiscalização
Além da questão da falta de controle em relação às boas práticas do manejo do açaí, há outro drama: a falta de fiscalização. E aí o problema deve recair tanto para as vigilâncias sanitárias quanto para o Ministério da Agricultura. Nenhuma das duas instâncias está estruturada para atender à demanda.
Projeto
É um problemão para o Governo que, inclusive, já apresentou projeto para produzir açaí de cultivo “em grande escala”.
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