No Acre, o pagamento em dia do funcionalismo público é uma conquista política da Frente Popular que ainda não teve governador que ousasse por em xeque.

Em causa própria

O deputado Nicolau Júnior luta para criar uma comissão especial na Assembleia Legislativa com o objetivo de aumentar a isenção ICMS para a gasolina de avião. A família do nobre deputado tem um forte negócio na área de aviação no Juruá. É o besta!

Laranja nobre

Sobre essa mesma questão envolvendo parlamentares, um gaiato sugeriu uma pergunta a respeito do recém-inaugurado Instituto de Traumatologia e Ortopedia: “No Into, faz-se cirurgias e exames sofisticados. Não tem laranja pra vender, não, tem?”

Vaia no balde

O governador do estado tem evitado participar de eventos públicos por medo das vaias que estão cada vez constantes. Na dúvida, manda a mulher. Mas, na recente inauguração de um restaurante popular, nas proximidades do conjunto Castelo Branco, não conseguiu escapar. A equipe do governo convidou só a criançada, para evitar o desconforto para o mandatário. E as crianças vaiaram.

No vermelho

A Ottobock, empresa fornecedora de próteses e órteses, parou de fornecer o material para deficientes, porque o Governo do Acre não paga há 6 meses. É a crise da Grécia?

Conveniência

Engraçado. O IBGE é malhado pelos governos estaduais de Norte a Sul do país. O instituto tem credibilidade porque foi conquistada com a seriedade de quem trata os números com respeito. Quando há falhas, são reconhecidas publicamente e feitas as correções. Os governos dos estados, geralmente, não gostam da leitura do IBGE porque os dados não atendem às conveniências políticas de plantão.

Conveniência II

Pois bem. Ocorre que, quando o IBGE constata um número que é “favorável” ao governo, os palacianos só faltam fazer show pirotécnico. Na manhã desta quarta-feira, o governador Tião Viana convocou uma coletiva por causa de 0,9 pontos percentuais de recuo do desemprego.

Papel

O Governo do Acre está no papel dele. Não há nada de errado em se comemorar um dado positivo. O que não pode ser tolerado, no entanto, é querer que essa leitura “pra cima”; “positiva”; “de quem quer ver o Acre crescer” seja unanimidade.

Caged

Dados do Caged divulgados no início do mês mostram que o Acre perdeu 1.168 empregos formais nos últimos seis meses. Outro termômetro apontado pelas Juntas Comerciais registra que fecharam 494 empresas no Acre e abriram 442. O saldo é negativo, portanto.

Real

O que é real é isso. Não adiante dourar a pílula. O leitor, se tiver um tempinho para conversar com um pequeno empresário, pode perceber como anda o humor atrás dos balcões.

Governo

E o cenário no Acre só não está pior porque o Governo do Estado tem mantido o pagamento do funcionalismo público em dia. O mínimo indicativo de atraso tornará a crise em caos.

Blindagem

A seriedade com que é conduzida essa questão dentro do Governo acaba criando uma espécie de “blindagem”. No entanto, é preciso tomar cuidado para não confundir essa proteção com “economia fortalecida”.

Conquista

No Acre, o pagamento em dia do funcionalismo público é uma conquista política da Frente Popular que ainda não teve governador que ousasse por em xeque. Jorge Viana e Binho Marques preservaram esse capital político. Por enquanto, o governador Tião Viana tem mantido o mesmo ritmo.

“Crise?”

Há alguns assessores que mantêm uma tese perigosa. A de negar a crise, tentando argumentar que a crise do Acre é “uma marolinha” comparada ao cenário do resto do Brasil. Ao fazer isso, esses cortesãos acabam contradizendo o próprio governo que aposta na retórica “da forte indústria regional” e da “referência mundial em desenvolvimento sustentável”.

Foto de ilustração: Gleilson Miranda/Agência de Notícias do Acre

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