No episódio da escolha de Socorro Néri, Tião Viana está sendo coerente com a história recente do partido e da coligação: age como dono, como cacique, como “líder”, querendo ser apelidado de “visionário”.

Cargos

CAR-GOS. Em duas sílabas, um mundo de interesses que cala muita gente no Acre. É uma tese corrente. O senso comum e a leitura rápida sobre a escolha de Socorro Néri como vice de Marcus Alexandre relacionam o silêncio de aliados históricos às centenas de cargos no Executivo.

Cargos II

Além desse fator, há outro. Talvez, mais óbvio. O silêncio estratégico de lideranças do PCdoB é motivado por um número: 2018.

Restrito

O Palácio Rio Branco joga maldosamente com as armas que possui. Tião Viana calcula que, na Capital, a representatividade política dos comunistas está limitada a dois nomes: um vereador cujo único projeto elaborado é inconstitucional; um deputado cuja performance mais ousada limita-se a marcar sessões solenes no parlamento.

Renovação?

Alguns enaltecem a decisão de Tião Viana por Socorro Néri com o argumento de “renovação” de quadros. É um argumento. Aceita quem quer.

Coerência?

Engana-se quem pensa incomodar Tião Viana apontando alguma incoerência, pelo fato de Socorro Néri, há até pouco tempo, ser o nome tucano como candidata a Prefeitura de Rio Branco. Não incomoda. Ao contrário. Nesse caso, Tião Viana está sendo até bem coerente: age como dono do partido e da coligação, como cacique, como “líder”, querendo ser apelidado de “visionário”.

História

É preciso recordar a história recente do PT (sendo justo com Tião Viana). A “construção de consensos” no PT do Acre foi fulminada com a ascensão de Jorge Viana ao governo. Foi Jorge quem inaugurou essa postura centralizadora. Pragmática, sim, mas centralizadora. Ninguém é louco de negar a História. Ou é? Dependendo da interpretação, Tião Viana tenha aperfeiçoado o pragmatismo.

História II

Exemplo? Em 2000, a militância do PT queria qual nome para disputar com Flaviano Melo a Prefeitura de Rio Branco? Lembra, leitor? Se não lembra, a coluna rememora: o nome do partido era Naluh Gouveia. Jorge Viana queria Angelim. O presidente do diretório estadual à época, o obediente Francisco Cartaxo, aceitou a escolha do chefe. Um constrangido auditório da Eletroacre saiu ruminando “Angelim!” Deu no que deu!

Pergunta

Uma perguntinha básica: o anúncio do nome de Socorro Néri não deveria ter sido feito pelos presidentes dos diretórios estaduais do PT e do PSB?

Processo

Mesmo que Marcus Alexandre e Socorro Néri tenham uma vitória acachapante (o que está muito longe de ser fato), ainda assim, o processo não foi construído da forma correta. A coluna reforça o raciocínio já exposto antes: o problema não está no fato de o PCdoB ter sido preterido. O perigo está na forma como a ascensão de Socorro Néri se apresentou. A forma também comunica. E muito.

Sugestões, críticas e informações quentinhasdaredacao@gmail.com

Foto de ilustração: Blog de Ivo Mesquita

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