O que leva uma pessoa a ir a uma boate armada?
A Polícia Civil abriu inquérito para investigar a morte do estudante de Odontologia Rafael Frota, 26, morto com um tiro no abdome, na boate Set Clube, região central de Rio Branco. O tiro, de acordo com o que já apurou a Polícia Civil, partiu da arma do policial federal Victor Manoel Fernandes Campelo.
“Ele vai ser flagranteado agora”, assegurou o secretário de Estado de Polícia Civil, Carlos Portela. “Ele está sob custódia do Estado e tão logo receba alta médica estará à disposição da Justiça”.
Pelo que foi apurado até agora pela polícia, houve uma briga entre Victor Campelo e outro jovem. Nessa briga, o policial federal sacou a arma e deu o primeiro disparo que atingiu o estudante Rafael.
Os dois disparos seguintes atingiram o rapaz que brigava com o policial. Os tiros atingiram a perna e uma axila. O quarto e último disparo atingiu a perna do próprio Victor.
A boate Set Clube está localizada nos autos do posto de gasolina AutoParque, na Marechal Deodoro, próximo ao Parque da Maternidade, região central de Rio Branco.
O incidente envolvendo a morte do jovem estudante Rafael Frota, assassinado por um policial que não estava em serviço retoma o debate a respeito do porte de arma por profissionais de segurança que não estejam em serviço.
Tecnicamente, as normas que tratam do assunto deliberam que, fora do serviço, o policial reaja “de forma diferenciada do civil”, vigiando o cenário e acionando a força pública de segurança em serviço imediatamente. Mas, e quando o policial é um dos agentes agressores?
Policial deveria ter entregue arma na entrada
O Estado do Acre possui uma portaria, formalizada pelo Sistema Integrado de Segurança Pública, que normatiza o uso de armas por parte de policiais que estejam fora do serviço.
A portaria, de acordo com o secretário de Estado de Polícia Civil, estabelece que o policial fora do trabalho, que esteja em ambientes de lazer, como boates, casas noturnas, deve entragar o armamento na entrada do estabelecimento.
A partir desse instante, a direção do estabelecimento passa a ser responsável pela arma. “Mas, entre os seguranças da boate e das casas noturnas, por se tratar de um policial federal, tem-se a postura equivocada de achar que se trata de um policial melhor preparado do que um policial civil”, compara Portela. “Vê-se que não é bem assim”.
Polícia Federal divulga nota
NOTA DE ESCLARECIMENTO SOBRE O INCIDENTE EM CASA NOTURNA DE RIO BRANCO
A Polícia Federal vem a público esclarecer sobre incidente em casa noturna ocorrido no dia 02/07/2016. Inicialmente, confirma a presença de um policial federal no incidente e informa que já instaurou, com a Polícia Civil, todos os procedimentos legais para investigar as circunstâncias dos fatos.
O policial federal está no hospital tratando de ferimentos causados por disparo de arma de fogo e das escoriações de possíveis agressões e está à disposição da Justiça.