Cruzeiro do Sul, no Acre, será palco da estreia da terceira edição do Festival Internacional de Cinema Transamazônico, um evento que celebra a diversidade e a produção audiovisual LGBTQIA+. O festival, idealizado por Moisés Alencastro, ocorrerá nos dias 15 e 16 de fevereiro no Cine Romeu, e seguirá para Rio Branco, onde as exibições acontecerão no Cine Teatro Recreio entre os dias 25 e 27.
A iniciativa, que conta com o apoio da Lei Paulo Gustavo, promove a visibilidade de histórias e vivências da comunidade LGBTQIA+ por meio de filmes nacionais e internacionais. Nesta edição, o festival traz novidades, como a expansão para duas cidades e a inclusão de produções acrianas. Entre os destaques está o documentário “Nomes”, da jornalista Rose Farias, que aborda a importância da lei do nome social para pessoas trans.
O filme retrata as experiências de uma mulher trans e um homem trans após a conquista desse direito, destacando o impacto positivo da medida em suas vidas. Outra produção local é o curta “UES”, da cineasta Isabela Amsterdã, que será reapresentado após sua estreia na edição anterior, realizada durante a pandemia.
A curadoria do festival ficou a cargo de nomes renomados, como o cineasta Clemilson Farias, a atriz global Kika Sena – primeira mulher trans a ganhar um prêmio de melhor atriz no Brasil – e a produtora Nena Mubarac. Juntos, eles selecionaram cinco longas e doze curtas-metragens, que retratam as lutas, dramas e conquistas da comunidade LGBTQIA+. Um dos filmes em exibição é “Alma do Deserto”, uma coprodução entre Brasil e Colômbia.
Além das exibições, o festival promove palestras e rodas de conversa, com a presença de personalidades como Kika Sena, que falará sobre a experiência na Globo e a participação em uma série da Netflix, além de representar o Brasil no Festival de Berlim. A programação também inclui uma festa de encerramento em Rio Branco, que coincidirá com o início do Carnaval, para marcar o primeiro grito de carnaval na Casa do Rio.
Moisés Alencastro destacou a importância do festival como um espaço de resistência e representatividade. Ele também ressaltou que, nesta edição, 23 dos 25 integrantes da equipe são membros da comunidade LGBTQIA+, o que reforça o compromisso do festival com a inclusão e a diversidade.
“Esse evento marca a nossa região, não apenas pela produção audiovisual, mas pela luta por direitos e visibilidade. A maior parte dos integrantes deste ano são pessoas LGBTQIA+”, afirma.
O festival ocorre em um momento de retrocessos globais em relação aos direitos civis, especialmente nos Estados Unidos, onde políticas anti-LGBTQIA+ têm ganhado força. Ele explica que no Brasil, no entanto, o cenário é mais promissor, com o governo atual no apoio às causas LGBTQIA+.
“O festival acontece neste momento de grande retrocesso internacionalmente, como nos Estados Unidos, à causa LGBTQIA+ Tivemos muitas perdas no governo anterior, mas agora temos um respiro para avançar”, comenta.
O Festival Internacional de Cinema Transamazônico é gratuito e aberto ao público, com classificação indicativa variada conforme os filmes. A programação completa está disponível no site do evento, que promete ser um espaço de celebração, debate e fortalecimento da diversidade na Amazônia e no mundo.
Estagiário supervisionado por Gisele Almeida