Alguns acreditam que a Língua Portuguesa não se altera dessa forma
Os eventos realizados durante a primeira semana do Governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT), tem chamado atenção pelo uso do termo ‘todes’. A primeira-dama, Rosângela Lula da Silva, os ministros, o próprio presidente da república e os cerimonialistas começam os discursos com todos, todas e ‘todes’, que remete as pessoas que não se identificam com o gênero masculino ou feminino.
Mas o uso do termo ‘todes’ apontado como pronome neutro divide opiniões. Alguns que acreditam que a Língua Portuguesa não se altera dessa forma, e outros defendem a inclusão das pessoas que se consideram socialmente excluídas.
O doutor em Linguística e professor da Universidade Federal do Acre (Ufac), Shelton Souza, entende que a novidade pode assustar alguns estudiosos. O especialista defende a ideia de que o uso do termo não pretende comprometer a gramática tradicional.
A inclusão do ‘todes’ para identificar determinados grupos que se sentem socialmente excluídos, para ele, deve ser vista como uma conquista, e não como motivo para geração de conflitos.
“Tem grupos sociais que não se identificam com gênero feminino e nem com o gênero masculino, e por exemplo: os não binários. Elas de alguma forma utilizam a linguagem para atender essa sua necessidade social “, afirma o doutor em Linguística.
Posicionamento contrário tem a presidente da Academia Acreana de Letras, Luísa Karlberg é contrária ao uso do termo ‘todes’ em qualquer situação. A doutora em Língua Portuguesa cita, ainda, um projeto de lei que proíbe que instituições de ensino e bancas examinadoras de seleções e concursos, usem o referido termo neutro, considerado inexistente na língua portuguesa.
A profissional explica que as línguas neolatinas não adotaram o neutro, que era utilizado no latim. Além disso, também defende que o uso é uma invenção que fere as regras da gramática da Língua Portuguesa.
“Na Língua Portuguesa só existe dois gêneros: o masculino e o feminino. Não existe outro gênero. Então, é um absurdo e um erro grave o que as gramaticas estão fazendo. Eu como estudiosa da Língua Portuguesa condeno e a Academia Acreana de Letras condena. Além disso, tem um decreto que protege o idioma pátrio”, explica Karlberg
Mas o impasse não está apenas entre os estudiosos da Língua Portuguesa. O assunto também divide opiniões entre a população em geral. Existem pessoas que entendem que o uso do ‘todes’ pode ser importante para alguns grupos se sentirem aceitos, mas há quem entenda o pronome neutro como um exagero.
“Eu acho que os todos incluíam. Eu ainda continuo usando a Língua Portuguesa. Todas e Todos”, diz o médico Alexandre Barrone.
“Eu creio que eles devem ser respeitados, porém, mudar a Língua Portuguesa dessa maneira eu não concordo”, conta a aposentada Alice Maria.
Cada um tem a sua cultura, seu modo e vivência. Temos que respeitar. ‘Todes’ pode ser utilizado”, acrescenta professora Alice Maria.
Com informações de Débora Ribeiro para TV Gazeta