“Ó Pátria Amada, Idolatrada, Salve! Salve!”
Hino Brasileiro
O dia 7 de setembro é uma das datas mais emblemáticas e significativas da história do Brasil. A independência foi um passo fundamental na construção do Brasil como nação, moldando sua cultura, política e sociedade ao longo dos anos. O acontecimento central desse marco histórico é conhecido como o “Grito do Ipiranga”, proferido por Dom Pedro I às margens do rio homônimo, em 1822.
Atualmente, o Dia da Independência é celebrado em todo o país com desfiles, eventos culturais, manifestações cívicas e demonstrações de orgulho nacional. As ruas são preenchidas com as cores da bandeira brasileira, e as comemorações reforçam valores como unidade, patriotismo e respeito pela história do país.
A independência do Brasil não foi apenas um ato simbólico de separação política, mas também um reflexo das profundas mudanças e tensões que permeavam a sociedade na época. A presença da família real portuguesa no Brasil desde 1808, fugindo das tropas napoleônicas na Europa, trouxe mudanças significativas à colônia, incluindo a abertura dos portos às nações, o que impulsionou a economia brasileira. A transferência da corte portuguesa também teve o efeito de criar uma elite local mais influente e de estimular ideias de autonomia. Segue um pequeno trecho da Carta de D. Pedro a D. João VI, Rio de Janeiro, 6 de agosto de 1822:
“Porém o Brazil, ainda que ulcerado com a lembrança de seus passados infortunios, sendo naturalmente bom e honrado, não deixou de receber com inexplicável jubilo a Augusta Pessoa do Senhor D. João VI, e a toda a Real Família. Fez ainda mais: acolheu com braços hospedeiros a Nobreza e Povo que emigrara, acossados pela invasão do Despota da Europa – Tomou contente sobre seus hombros o peso do Throno de Meu Augusto Pai – Conservou com esplendor o Diadema que Lhe cingia a Fronte.” 1
Essa carta é considerada um dos passos iniciais rumo à independência do Brasil e é frequentemente estudada pelos historiadores como parte do contexto político que levou à proclamação oficial da independência em 7 de setembro de 1822. Ela destaca o papel de D. Pedro como figura central nesse processo e as tensões políticas e diplomáticas que culminaram na separação do Brasil de Portugal.
No entanto, o desejo de independência estava longe de ser unânime. Muitos setores da sociedade brasileira, incluindo a elite agrária e a nobreza, mantinham laços estreitos com Portugal e viam vantagens na manutenção dessa relação colonial. A situação se complicou ainda mais com a volta de D. João VI para Portugal em 1821, deixando seu filho, D. Pedro I, como regente no Brasil. A presença da família real portuguesa no Brasil durante as Guerras Napoleônicas e a subsequente transferência da corte real para o Rio de Janeiro em 1808 tiveram um impacto significativo na história do Brasil. Isso ajudou a criar uma ligação pessoal entre a monarquia e o Brasil, o que facilitou a transição para um império independente.
Foi nesse contexto que o dia 7 de setembro de 1822 se tornou marcante. No local conhecido como o Ipiranga, próximo a São Paulo, D. Pedro I proferiu o famoso grito: “Independência ou Morte!”, simbolizando a separação definitiva do Brasil de Portugal. Esse momento, embora tenha sido emblemático, não representou uma independência imediata e absoluta, mas foi um passo crucial na direção dessa conquista.
Um ato de afirmação da autoridade real e do desejo de autonomia em relação às demandas vindas de Portugal. A declaração formal de independência ocorreu alguns dias depois, em 22 de setembro, com o reconhecimento das autoridades portuguesas.
“Agora, passados duzentos anos, Portugal e Brasil continuam a ser dois países irmãos, cada um vivendo em sua casa, com um passado comum e um futuro, em muitos pontos diverso, mas em tantos outros equivalente, unidos por uma língua incomparável, dotada de um poder plástico sem igual.”2
A relação entre Portugal e Brasil é de fato única e marcada por laços históricos, culturais e linguísticos profundos. Passados duzentos anos desde a independência do Brasil, essa relação continua a ser de grande importância. Podemos citar a língua portuguesa que é um dos laços mais fortes que unem Portugal e Brasil. Ambos os países compartilham a mesma língua, o que facilita a comunicação e promove a compreensão mútua. Além disso, a língua portuguesa é uma das línguas mais faladas do mundo, ampliando a influência cultural de ambos os países.
Esses dois países compartilham também uma história colonial comum que durou mais de três séculos. Essa história comum deixou uma marca indelével nas culturas de ambos os países, incluindo influências na música, na culinária, na arquitetura e nas tradições culturais que apesar das diferenças e das evoluções históricas ao longo dos últimos duzentos anos, Portugal e Brasil continuam a manter uma relação especial baseada em uma herança compartilhada e uma língua comum. Essa relação é caracterizada por uma profunda afinidade cultural e uma parceria que abrange diversos campos, tornando-os países irmãos em muitos aspectos.
Além de todo esse significado histórico, o 7 de setembro também serve como um lembrete da importância contínua da luta por direitos, justiça e liberdade. À medida que o Brasil enfrenta desafios contemporâneos, a data nos convida a refletir sobre os ideais pelos quais nossos antepassados lutaram e a renovar nosso compromisso com a construção de um país mais justo, igualitário e próspero.
Em resumo, o 7 de setembro é mais do que um feriado; é um símbolo de determinação, perseverança e esperança que inspira os brasileiros a honrar sua história, valorizar sua diversidade e trabalhar em direção a um futuro melhor.
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[1] BRASIL. Carta de anistia geral de d. Pedro. Disponível em: https://www.gov.br/arquivonacional/pt-br/sites_eventos/sites-tematicos-1/brasil-oitocentista/documentos/carta-de-anistia-geral-de-d-pedro. Acesso: 31 ago. 2023.
[2] TELLES, Francisco Ribeiro. Apresentação. In: FUNDAÇÃO ALEXANDRE DE GUSMÃO. As singularidades da Independência do Brasil. Brasília: FUNAG, 2022.
[3] PIMENTA, João Paulo. A Independência do Brasil. Editora Contexto,2022.
