Um câncer é sempre um momento de medo na vida de qualquer pessoa e ninguém é o mesmo após essa experiência, cada pessoa passa por uma situação individual, e no final, todos aprendem, a questão é o que fazer com esse aprendizado e com a segunda chance que nos é dado após essa experiência.
Ana Paula Xavier, jornalista acreana e recém curada do câncer de mama, soube muito bem o que fazer com esse aprendizado, ela criou um livro com o intuito de ajudar outras mulheres que irão ou que estão passando pela mesma situação que ela passou, para que elas não tenham o medo e as inseguranças que ela teve. O livro vai ser lançado no final deste mês, aliado a campanha do Outubro Rosa em comemoração a um ano que ela superou o câncer de mama.
O livro aborda situações da vida de Xavier enquanto estava com câncer, desde o momento da descoberta, até o momento da cura.
A mensagem central do livro é a esperança. Pois a autora percebeu como as mulheres são amedrontadas diariamente com as estatísticas sobre pessoas que não resistiram a essa doença e noticiar isso não é positivo, pois consequentemente as mulheres terão medo e isso afeta diretamente no tratamento. Por isso, o livro se contrapõe e traz para a sociedade uma mulher que superou o câncer e vive bem, assim como qualquer outra mulher pode vencer e seguir em frente.
A ideia de escrever e publicar o livro, surgiu de maneira despretensiosa e a mãe teve um papel fundamental em tudo isso pois foi ela quem incentivou a jornalista a publicar e ajudar outras mulheres.
Na entrevista, ela começa pela descoberta do câncer de mama, a jornalista deixa claro que é imprescindível que as mulheres tenham hábito de fazer exames, sobretudo o autoexame, que foi como ela descobriu que estava doente. O autoexame é eficaz para todas as mulheres e pode ser feito de maneira simples e rápida em casa, bem como ela fez. Nas palavras dela.
“Foi com o autoexame das mamas. Eu senti um nódulo e passei a investigar. Eu nunca tinha sentido nenhum tipo de nódulo e ele apareceu”, lembra.
Além disso, ela enfatiza como o autoconhecimento é importante para descobrir as alterações iniciais e tomar as devidas providências, ou seja, a mensagem a ser passada com isso é que ninguém conhece você como você mesmo. Portanto, esse processo de autoconhecimento é diário para que nenhuma alteração passe despercebida.
’’Como eu já fazia rotineiramente os exames de toque durante o banho, já tinha esse costume de fazer, o autoexame, eu sabia que aquilo não estava ali antes, que era algo novo. E aí eu passei a investigar’’, comenta.
Com isso, qualquer alteração na região dos seios ou quaisquer sintomas relacionados a isso, deve-se procurar atendimento médico especializado. A jornalista ressalta que alguns médicos podem não notar pequenas alterações, por isso é importante que haja uma insistência para exames clínicos.
Xavier afirma que o tempo é fundamental para as mulheres que descobriram um câncer de mama. Quanto mais cedo descobrir, mais chances de cura terão. O autocuidado, aliado ao autoconhecimento é a chave para o combate e a prevenção desta doença, e que não é indicado confiar em questões como histórico familiar ou predisposição.
Voz da especialista
A doutora Adriana Marinho Dapont, Presidente da Sociedade Brasileira de Mastologista do Acre (SBM) e especialista no assunto em Rio Branco, fala em entrevista a respeito do câncer de mama:
“O câncer de mama é uma doença multifatorial, com crescimento desordenado de células mamárias doentes, que sofreram mutação, que os principais cuidados para evitar são manter uma dieta saudável, atividade física regular, peso adequado, evitar o uso de fumo e álcool. Já os fatores de risco são sedentarismo, alimentação inadequada com muitas carnes processadas, etismo, tabagismo e ter mutação genética dos genes BRCA1 ou 2”.
Para Dapont, o Outubro Rosa é necessário porque conscientiza as mulheres sobre a doença e como detecta-la, gerando mais chances de cura nos estágios iniciais. Além disso, é mais suscetível nas mulheres a partir dos 40 anos, portanto elas devem fazer a mamografia anualmente.
“A realização da mamografia como forma de detecção precoce do câncer leva a maiores chances de cura”, salienta a médica.
Ministério da Saúde
Segundo o Ministério da Saúde, o câncer de mama, é o tipo de câncer mais comum no Brasil e no mundo. Ele também pode acontecer em homens, embora seja mais comum nas mulheres, por isso todos estão suscetíveis.
A partir dos 35 anos, a taxa de incidência desse câncer é maior, principalmente aos 50 anos, e esse câncer não escolhe classe social, por isso o índice continua crescendo tanto em países subdesenvolvidos, como também os desenvolvidos. Além disso, existem vários tipos de câncer de mama, alguns evoluem de forma rápida e outros não, embora a maioria tenha bom prognóstico.
O Ministério da Saúde conscientiza que a detecção precoce é uma forma de prevenção secundária, pois é uma técnica que possibilita terapias simples, eficiente e com maiores condições de cura e a maior parte dos cânceres de mama são descoberto pelas próprias mulheres. Os sintomas mais comuns são: edema cutâneo, a pele fica semelhante a uma casca de laranja, retração cutânea, dor, inversão de mamilo, hiperemia, descamação ou ulceração do mamilo e secreção papilar.
Qualquer nódulo nas mamas deve ser investigado e levado aos profissionais para verificar se é ou não um câncer de mama. Os exames podem ser clínicos ou de imagens como a mamografia, ultrassonografia ou ressonância magnética. A doença só confirmada por meio da biopsia.
O sistema Único de Saúde oferece o procedimento de reconstrução mamária gratuito, prioritariamente para as mulheres que tiveram que retirar as mamas ou parte delas. Além disso, o SUS oferece apoio e tratamento integral as pessoas com câncer de mama.