A diretora de Vigilância em Saúde de Rio Branco, Socorro Martins, revelou preocupações sobre a baixa adesão à vacinação contra a dengue e outras doenças. Sobretudo a vacina para dengue, que está prestes a vencer, e não foram utilizadas nem metade das doses disponíveis. Para aumentar a cobertura, a faixa etária para a vacinação contra a dengue foi ampliada. Agora, jovens de 6 a 20 anos podem receber a vacina, além de adultos com comorbidades, entre 21 e 59 anos.
Segundo Martins, até o momento, apenas 1.300 crianças e adolescentes, com idades entre 10 e 16 anos, foram vacinados contra a dengue, de um quantitativo inicial de 3.700 doses recebidas.
“Nós vacinamos 1300 crianças e adolescentes, de 10 a 16 anos. É uma situação ruim, do ponto de vista que nós recebemos um quantitativo pequenos de vacina e não utilizamos nem a metade ainda. Então, nós recebemos na faixa de 3.700 doses e até o momento nós só realizamos 1.300 doses. Então, nós recebemos pouca vacina, pensando que rapidão ia terminar e agora nós estamos com saldo e essa vacina está prestes a vencer”, explica a secretária.
A baixa cobertura vacinal não se restringe à imunização contra a dengue. Martins destacou que outras vacinas, como as de Influenza, HPV e outras que historicamente contribuíram para a saúde da população, também estão com adesão abaixo do esperado. A diretora ressaltou a importância da vacinação na prevenção de doenças graves e relembrou que graças às vacinas, casos de doenças como coqueluche, sarampo e poliomielite foram drasticamente reduzidos.
“Então a vacina veio para isso, para evitar e evitou mesmo. Mas chegou um momento que as pessoas não viveram isso, acham que isso não acontece mais, então não vão fazer a vacina. Então nós estamos com um déficit muito grande nessas vacinas, HPV, entre outras vacinas, vacinas seguras, que sempre estiveram na rede e não causaram mal nenhum à população”, comenta.
Sobre o aumento de casos de dengue em comparação ao ano anterior, a diretora explicou que as condições climáticas favoráveis, como chuva e calor, propiciam a proliferação do mosquito transmissor. Com a chegada das chuvas, locais com acúmulo de água se tornam criadouros para o Aedes aegypti, aumentando os casos da doença. Martins alertou para o risco de complicações decorrentes da dengue, principalmente em casos de reinfecção.
“Então, a dengue é quando nós temos bastante chuva, um ambiente propício, chuva, qualquer vasinho que tem no quintal é um criadouro, então o mosquito, fêmea, bota os ovos ali numa caixa d’água, que pode ficar seca o ano todo, mas chegou a chuva, os ovos já eclodem e aí começam os caso”, esclarece.
Diante da baixa adesão à vacinação, a Vigilância de Saúde de Rio Branco realizou no último sábado (13) um dia de intensificação, que visou atingir as crianças e adolescentes que não puderam se vacinar durante a semana devido a compromissos escolares e profissionais. No entanto, a adesão ainda não foi a esperada, com apenas 300 pessoas vacinadas dentro da faixa etária inicialmente estipulada.
“Então, lembrando que as crianças, os pais devem levar crianças e adolescentes, tem que ser acompanhado pelos pais. Já os adultos, já podem chegar na unidade com a carteirinha de vacinação, o cartão do SUS e será vacinado”, enfatiza.
Martins alertou para o risco de perda de vacinas devido à baixa procura. Ela explicou que, caso as doses não sejam utilizadas, o Ministério da Saúde poderá realocá-las para outros estados, o que vai impactar a disponibilidade das vacinas em Rio Branco. A secretária ressaltou a importância da vacinação como forma de prevenção de doenças e encorajou a população a aproveitar a oportunidade de imunização.
“Então, é bom até colocar que o nosso estado foi privilegiado por conta do número de casos. Outros estados queriam, mas a gente não deixou o ministério recolher as vacinas para levar para outros estados, porque nós tínhamos essa intenção de intensificar como nós fizemos e fazer essa ampliação. Então eh a população aproveitar mesmo o momento né? Que essa vacina está aí. É uma vacina confiável”, diz.
A vacina contra a dengue está disponível em diversas unidades de saúde do município, incluindo postos nos bairros Taquari, Calafate e Sobral, além de algumas unidades de saúde da família. A população foi convocada a buscar os locais de vacinação e garantir a proteção contra a doença, que é recorrente na região.
“Então nós temos a vacina próximo da população e no município nós temos nós lá no no Taquari, no Calafate, na Sobra, Vila Ivonete, em todos os locais estratégicos. Nós temos algumas unidades de saúde da família também e tem essa vacina disponível. É só a população procurar e exigir seu direito’’, comenta.
Martins também abordou a disseminação de fake news sobre vacinas e destacou que tais informações falsas contribuem significativamente para a baixa cobertura vacinal. Ela ressaltou a importância de confiar na ciência e nos estudos que comprovam a eficácia das vacinas, em detrimento das notícias falsas que circulam e prejudicam a saúde pública.
“Então, essas notícias falsas colaboram muito pra baixa cobertura. E nós estamos vivendo um momento em que as pessoas elas dão mais ouvidos para essas notícias falsas de que realmente a ciências, os estudos, que comprova a eficácia da vacina. Então pense, nós temos visto que essa parte verdadeira não está tomando tanto espaço como era pra tomar e isso também é o que colabora muito pra essa baixa cobertura”, conclui.