As Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) em Rio Branco enfrentam uma situação preocupante devido ao aumento significativo de casos de síndromes respiratórias, que têm lotado as unidades de saúde na capital acreana. Com o acréscimo no número de atendimentos por doenças gripais, a demanda por leitos e assistência médica especializada tem crescido de forma expressiva.
Atualmente, o estado do Acre conta com 70 leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) adulto, sendo 10 deles destinados ao hospital do Juruá. No entanto, 67 desses leitos já estão ocupados, sendo que apenas 6 estão relacionados a casos de síndrome respiratória. Apesar disso, a busca por atendimento nas unidades de saúde tem sido impulsionada pela prevalência desses quadros, conforme apontado pelo Boletim Infogripe da Fiocruz.
Os registros de síndrome gripal aumentaram consideravelmente nas últimas semanas, que passaram de 350 notificações em março para 739 em abril, o que confirma a tendência de crescimento nos casos. A cidade de Cruzeiro do Sul lidera as estatísticas de ocorrências, seguindo uma tendência preocupante em relação à disseminação das doenças respiratórias.
Familiares que buscam atendimento para os entes queridos nas UPAs relatam dificuldades e longas esperas por assistência médica, como é o caso de Antônia do Carmo da Silva, de 80 anos, e Maria das Graças, de 60 anos, filha dela, que se encontram em situações críticas e necessitam de cuidados urgentes. Os relatos de espera prolongada por atendimento e a falta de informações precisas sobre os diagnósticos agravam a angústia dos familiares dos pacientes.
“Com essa mudança climática, ela sente as crises e a gente vem para a UPA buscar atendimento e desde ontem, que ela está aqui, com certeza ela vai passar mais dias, porque agora que ela entrou no tratamento, o medicamento”, explica a dona de casa.
Além delas, o açougueiro Gleucimar Amâncio de Souza conta que a mãe, Maria das Graças, de 60 anos, está internada na UPA da Sobral há três dias e que o estado de saúde dela, por conta da demora no atendimento regride a cada dia, além de não receber um diagnóstico específico.
“Meu irmão hoje veio aqui e disse que ela não está mais conseguindo falar e tem dificuldade para respirar. Nós viemos aqui saber realmente o que está acontecendo para transferir ela daqui, porque com muitos casos de que as pessoas morrem aqui e eles não dizem porque morreu e a minha mãe está aí dentro, cada dia que se passa se agrava mais e ele não fala para nós o que realmente ela tem”, comenta o açougueiro.
Diante dessa realidade, há um apelo das famílias e da população em geral às autoridades para que sejam tomadas medidas urgentes, como o reforço no quadro de profissionais de saúde e a ampliação dos recursos para atender a demanda crescente.
Mesmo com os desafios enfrentados nas UPAs, a vacinação contra a influenza é apontada como a principal estratégia para reduzir a disseminação dos vírus circulantes e conter a propagação das doenças respiratórias na região.
Matéria em vídeo produzida pela repórter Wanessa Lima para a TV Gazeta