A Assembleia Legislativa do Estado do Acre (Aleac), foi marcada desrespeito e descaso durante uma audiência pública voltada para discutir as dificuldades enfrentadas na busca pelos direitos das pessoas autistas na manhã desta segunda-feira (13), pois o evento começou com uma hora e meia de atraso e apenas um deputado compareceu. Esta foi a segunda vez que tentaram adiar a audiência.
O atraso de uma hora e meia sinalizava que a sessão não iria ocorrer, uma vez que não havia a presença dos deputados responsáveis pela convocação da audiência, como Luiz Gonzaga, Nicolau Júnior e Chico Viga. A ausência não se limitou aos membros da mesa diretora da Aleac, mas se estendeu aos demais deputados e representantes do município,o que demonstra descaso com a causa e a comunidade afetada.
Revoltadas com a falta de respeito e comprometimento, as mães presentes insistiram para que a audiência acontecesse, mesmo diante das tentativas de obstrução. Lene Braga, mãe atípica, expressou a indignação compartilhada por muitas ao denunciar a negligência e falta de preparo dos representantes, que ignoram as necessidades e lutas das mães em defesa dos direitos dos filhos autistas.
“Infelizmente, é a segunda vez que eles fazem isso com a gente. A primeira vez, marcou para o dia 02, não veio um deputado, não veio um vereador que ia escutar a gente para a audiência pública. E mais uma vez, o descaso, falta de preparo deles e respeito com nós mães que estamos aqui lutando pelo pedido dos nossos filhos. A segunda vez, já estamos com uma hora de atraso, não apareceu um deputado, um vereador para escutar a gente para fazer a audiência pública. Como é que eles têm coragem de fazer isso?”, diz a mãe.
A ausência de sensibilidade e compromisso também afetou a participação de mães como Alexandra Figueiredo, que revelou os desafios e custos significativos que enfrentou para se deslocar até a audiência, com destaque a dificuldade adicional imposta pela falta de consideração e respeito.
“Está sendo assim uma falta de respeito não só como as outras mães que é difícil para elas é mas elas moram aqui e eu moro na zona rural e para me vir até a beira da BR eu pago o valor de 50 reais e no táxi 70 reais então só para me vir e voltar até a beira da BR é 140 reais”, explica.
Camala de Menezes, pessoa autista, exigiu dignidade e respeito na defesa dos direitos das pessoas com autismo, que já sofrem com a falta de garantias fundamentais. A presença de membros da Defensoria Pública, da Secretaria Estadual de Saúde, Secretaria Estadual de Educação e Ministério Público evidenciou a importância do tema e a necessidade de atenção e ação por parte das autoridades.
“Como pessoa autista, que já está sofrendo por conta de não ter os seus direitos garantidos, nós viemos aqui fazer essa nota de refúgio e exigir que sejamos tratados com maior dignidade”, enfatiza Menezes.
O promotor de justiça do Ministério Público do Acre (MPAC), Ocimar Junior, ressaltou a importância de dar voz e espaço para que as mães possam expressar as demandas e reivindicações, além disso, enfatizou a necessidade de um diálogo efetivo e inclusivo para abordar questões tão relevantes e urgentes.
“É óbvio que dentro das normativas internas, um representante, nós podemos, em tese, considerar que é pouco para que ouça essas mães, para que possam ter, de fato, contato com essa temática que é muito pujante no nosso estado. Então, a gente espera que tenha, de fato, alguém representando, que venha, mas a gente precisa dar mais oportunidade para que essas mães esclareçam os fatos, reivindiquem, questionem. E que a gente tem tentado fazer também no âmbito do Ministério Público”, conclui o promotor.
Com uma hora e meia de atraso, a sessão foi iniciada pelo deputado Afonso Fernandes, com a expectativa de que as necessidades e reivindicações sejam atendidas, mesmo diante da ausência da maioria dos deputados e representantes do município.
Matéria em vídeo produzida pela repórter Wanessa Souza para a TV Gazeta