Uma acusação de plágio entre dois artistas gerou grande repercussão nas redes sociais nesta sexta-feira (19). Ezekiel Moura, conhecido no cenário artístico nacional, usou o Instagram para denunciar Diego Fontte, artista acreano, por supostamente copiar obras e personagens.
Em uma postagem detalhada, Ezekiel Moura expressou indignação ao descobrir que Fontte estaria replicando seus desenhos e até o personagem “Velho”, utilizado por Moura em várias artes. O ponto que mais revoltou Moura foi saber que Fontte estava ganhando relevância e recebendo apoio financeiro da Universidade Federal do Acre (Ufac) com base nesses trabalhos supostamente plagiados.
“Ele usou meu trabalho, deformando algo com que tenho uma relação de afeto enorme, pra chamar atenção e receber benefícios que poderiam ser distribuídos para quem de fato está buscando trazer algo novo”, declarou Moura.
Em resposta, Diego Fontte utilizou as redes sociais para se defender das acusações. Ele admitiu ter utilizado imagens de Moura no início da carreira, mas afirmou que, ao longo do tempo, desenvolveu um estilo próprio e que as obras expostas atualmente são autorais e voltadas para temáticas locais, utilizando materiais reaproveitados.
“Eu não vim aqui pedir desculpa, apenas explicar a situação. Quando eu comecei e iniciei desenhos, em 2020 por aí, eu usava de releituras e tal. Mas na época eu não sabia o que era”, justificou Fontte. Ele também negou ter bloqueado Moura nas redes sociais, como o artista havia afirmado.
A controvérsia se intensificou quando Moura voltou às redes sociais para criticar a postura de Fontte e questionar a ética da Ufac em apoiar um artista que estaria utilizando ideias alheias sem a devida referência. Moura destacou a frustração de outros artistas, especialmente mulheres, que se sentem prejudicadas pela situação.
“O que me dói mais é ele tomar espaço de artistas mulheres […] Ela como artista, não tendo o espaço e nem a relevância que esse cara tá tendo, ela com o trabalho original, com algo que ela tá fazendo, que ela tá produzindo”, desabafou Moura.
O caso ainda está em andamento e levanta questões sobre ética no meio artístico e o papel das instituições em apoiar verdadeiros talentos.
Nota Adufac
Professora Letícia Mamed, presidenta da ADufac
Em nome da Associação de Docentes da Universidade Federal do Acre (ADufac), informo que tão logo tomei conhecimento do caso, realizei contato com o artista Ezekiel Moura para prestar nossa solidariedade e lamentar por todo o transtorno.
Na academia, repudiamos todo e qualquer tipo de violação de direitos autorais, bem como a prática de plágio, que é uma infração criminal.
Também nos colocamos à disposição para colaborar com Ezekiel Moura, caso o artista decida encaminhar a questão em termos administrativos e jurídicos.
Vamos estudar a possibilidade de viabilizar o intercâmbio de Ezekiel com os artistas do Acre, quem sabe oportunizando a vinda futura dele ao nosso Estado.
Por fim, esclareço que houve um apoio de nossa entidade às atividades do Coletivo Errantes, por meio de uma parceria de trabalho específica, iniciada em novembro de 2023 e encerrada em maio de 2024, de maneira que atualmente não mantemos nenhum vínculo com o referido grupo.
Nota de Esclarecimento Diego Fontte
Venho por meio desta nota esclarecer sobre as acusações de plágio por parte do artista Ezekiel Moura.
Sobre as releituras das obras do artista: em 2021 quando estava iniciando meus estudos, busquei inspirações através do Pinterest, e nos resultados das minhas buscas, algumas obras do artista me chamaram atenção e comecei meus estudos a partir da técnica de hachuras que o artista apresentava.
Sobre as publicações das releituras: Quando os desenhos ficavam bonitos eu publicava no meu Instagram, como estava iniciando, eu realmente não sabia como funcionava a questão de dar créditos. Após 2022 passei mais de um ano com o perfil desativado por motivos pessoais, e voltei a usar em 2023 já com o Coletivo formado, para postar os processos artísticos das minhas obras autorais.
Meu erro nisso foi não ter dado os devidos créditos ao artista nessa fase inicial, e venho publicamente assumir esse erro. Dessa forma, peço desculpas tanto ao artista atingido, como a comunidade artística e autoral como um todo. Vale lembrar que nunca engajei nada com as obras dele, nem pelas redes sociais, nem financeiramente.
Sobre a exposição do Coletivo Errantes: A
Exposição Ocupação Urbanomarginal, foi produzida desde Dezembro 2023, juntando 4 artistas periféricos com estilos distintos, teve processo de curadoria, da qual 2 dos 3 curadores estavam constantemente conosco e vendo nossos processos criativos. Nada que está na exposição é releitura, tão pouco remete ao trabalho do artista Ezekiel Moura. As obras do velho que produzo, tem ligação direta com minhas vivências como pessoa acreana. Produzo imagens bem menos detalhadas do meu personagem comparado ao que o artista Ezekiel produz, mesmo o próprio acusando de padronização de estilo.
Nisso outros artistas do coletivo estão expondo seus trabalhos na exposição, e reforço não foi enviado para a exposição nenhuma obra de releitura.
Sobre lucrar com as releituras: Nunca vendi uma releitura sequer, o intuito nunca foi pra ser lucrativo, estava aprendendo a desenhar e me inspirando nas obras dele, mas, nunca vendi nada disso, tão pouco fiz algum produto. E referente a ajuda financeira que ADufac fez, foi num periodo onde não trabalhava com nehuma referencia do Ezekiel, onde nos foi cedido alguns materiais para produzir peças com telas alternativas. Ja o auxilio que afirma que ganhamos da UFAC foi o edital do Pró cultura 082024, da PROAES, que fez de maneira aberta a todos os estudantes, onde foi chamado 4 pessoas pra compor o quadro de artistas plásticos e mais 4 pessoas para musicos. Onde recebemos um auxilio de 500 reais mensais, valor menor que as bolsas de ensino.
Sobre o meu afastamento do Coletivo Errantes: 4/4 Como reconheço o excelente trabalho que os Errantes fazem, não apenas com arte, mas, também com arteeducação, com as ações formativas e oficinas artísticas nos bairros considerados perigosos de Rio Branco, e do importante valor social que essas tem, pedi desligamento por tempo indertimado em reunião com os membros do Coletivo na tarde do dia 19 de julho, por entender meu erro e compreender que o coletivo é bem maior do que tudo isso.
Agradeço a compreensão, Diego da Silva Fontenele.