Considerada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como o mal do século, a doença é caracterizada pela presença de tristeza, pessimismo e baixa autoestima, que podem aparecer com frequência, de forma isolada ou combinadas entre si. Segundo dados do Sistema de Informações de Mortalidade do Ministério da Saúde (SIM), em 2022 no Acre, foram registrados mais de 920 tentativas de suicídio, ou seja, em 2022, pelo menos duas novas tentativas eram registradas por dia.
No anuário levantado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), consta que em 2022 foram registrados 79 casos de suicídio, já em 2023 foram 114, ou seja, um aumento de 44,3%. Os dados também apontam que entre 2012 e 2022, 5.223 casos de violência autoprovocada foram notificados no Acre e entre os tipos de violência sofridos, esse é o que apresenta a maior quantidade de atendimento, 32% do total.
A psicóloga Josiane Furtado, que trabalha no setor de saúde mental do Pronto Socorro de Rio Branco relata que apesar de ainda existir resistência ao se falar sobre o assunto, é importante defender a divulgação desses números. “A gente tem que notificar o Ministério da Saúde para poder elaborar estratégias para esse aumento e é importante também para capacitarmos a população de saber como lidar com esse momento tão delicado. Falar sobre suicídio é complexo porque é um fenômeno multifacetado, não tem uma única causa. A gente tem que saber como agir e para onde ir ou para onde encaminhar essas pessoas”, diz.
Definir uma única causa que justifique esse aumento ou generalizar os registros é algo incoerente. Cada tentativa de violência autoprovocada é única e precisa ser tratada exatamente dessa maneira. “Com o nosso público, algo que a gente vem percebendo no Estado, é do adulto jovem, mas conseguimos observar que está diminuindo as idades. A gente já atendeu crianças de oito anos, nove, dez, e por isso precisamos, com urgência, de um CAPS infantil”, observa Furtado.
Em muitos casos, a pessoa depressiva consegue disfarçar tão bem os sintomas que nem parentes ou amigos mais próximos identificam a doença. Por isso, ficar atento a qualquer mudança de comportamento, por mais sutil que seja, pode auxiliar para o início de um processo que pode salvar vidas. “Não podemos achar que é bobagem. A depressão existe, apenas não tem rosto. A gente já sabia que a depressão estava no Ministério da Saúde como o mal do século. Hoje em dia tem as crises de ansiedade que também vem principalmente pós-pandemia. Então, o certo é a gente saber como acolher e para onde encaminhar as pessoas”, finaliza.
Com informações da repórter Débora Ribeiro para TV Gazeta