Em 2023, foram registrados 140 casos de injúria racial, racismo e violência contra LGBTQIA-PN+. Os dados são do 18º Anuário Brasileiro de Segurança Pública do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgado na última quinta-feira (18). O Acre apresentou uma taxa de 5,9%, superando a média nacional por 100 mil habitantes, que é de 5,7%.
A vice-coordenadora do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiro e Indígena (Neabi) Lucilene Almeida, da Universidade Federal do Acre (Ufac) explica que este número pode ser ainda mais assustado se considerarmos os casos que deixaram de ser registrados. “Esse número é assustador, estamos num estado que o último senso apontou que aproximadamente 75% da população se autodeclara negra, e você ter esse número de pouco mais de 140 casos que incluem injúria racial e racismo é um número alto, mas na realidade a gente sabe que é muito maior”, diz.
Além do Acre, no topo da lista estão os estados do Rio Grande do Sul, com uma taxa que ultrapassa os 26 pontos, Paraná com 14 pontos, Sergipe 13,5, Goiás 8,1 e Mato Grosso com 7,5.
Para a coordenadora do núcleo, existe um lado bom nesses dados do Acre, pois, as vítimas estão, denunciando mais os seus agressores: “Traz para nós um retrato de que as pessoas estão começando a se conscientizar do que é a discriminação racial. Esses casos, denotam que boa parte das pessoas atualmente, não aceitam mais brincadeiras que têm uma conotação de humilhação. E hoje as pessoas entendem que, pela própria difusão das informações, ao sofrerem qualquer tipo de comportamento que ofenda a sua honra, pela cor, pela questão religiosa, vão entender que aquilo ali é um crime”, comenta.
Questionada quanto ao que se pode ser feito para combater essa situação Almeida, explica que é justamente este objetivo do núcleo, investir cada vez mais na questão educacional e talvez assim ter uma redução significativa do número de racismo, injúria racial e principalmente a discriminação contra pessoas de diversos gêneros e orientações sexuais: “O núcleo de estudos afro-brasileiros e indígenas, o Neabi, da Ufac, tem um trabalho muito amplo, tanto pesquisando sobre essas temáticas, como também trabalhando na formação pedagógica. Nós identificamos que a partir da educação, de levar informação, de trazer um conhecimento para as pessoas, é que essas condições podem serem modificadas”, relata.
Esse conceito de letramento racial tem como objetivo exercer práticas pedagógicas para conscientizar o indivíduo da estrutura e do funcionamento do racismo na sociedade, e torná-lo apto a reconhecer, criticar e combater atitudes racistas em seu cotidiano.
Com informações do repórter Marilson Maia para TV Gazeta