Em sete municípios do estado do Acre, a discrepância entre o número de habitantes e de eleitores cadastrados no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) levanta suspeitas de irregularidades. Segundo os dados mais recentes, em cidades como Brasiléia, Senador Guiomard, Bujari e Assis Brasil, o percentual de eleitores registrados chega a alarmantes 90% do total de habitantes, uma proporção incomum.
Esse cenário é particularmente preocupante quando se considera que, em média, 25% da população de um município é composta por crianças e adolescentes entre 0 e 14 anos, que ainda não possuem direito ao voto. A legislação brasileira permite a votação apenas a partir dos 16 anos, o que sugere que os números de eleitores em relação à população total possam estar inflados ou incorretos.
Para ilustrar, Assis Brasil apresenta 8.100 moradores, dos quais 7.173 estão registrados como eleitores, resultando em uma taxa de 88,6% de eleitores. Situações semelhantes ocorrem em Capixaba, com 10.392 habitantes e 8.569 eleitores (82,5%); Rodrigues Alves, com um índice de 85% de eleitores; e Porto Acre, onde 89% dos 16.693 habitantes são eleitores.
Outros municípios, como Rio Branco, Sena Madureira, Mâncio Lima, Epitaciolândia, Plácido de Castro e Acrelândia, também apresentam números elevados, com cerca de 75% da população registrada como eleitores.
Em resposta às preocupações, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) havia explicado, durante as eleições de 2022, que muitos eleitores mantêm registros em municípios diferentes de onde realmente residem, devido à falta de atualização de endereço. No entanto, a alta proporção de eleitores em comparação com a população total levanta dúvidas e requer investigação.
Os dados foram encaminhados ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE) para análise e é aguardado um posicionamento sobre a questão. A situação demanda esclarecimentos para garantir a transparência e a legitimidade do processo eleitoral no estado do Acre.
Matéria em vídeo produzida pelo repórter Adailson Oliveira para TV Gazeta