O Acre vive uma situação alarmante com o registro de seis mortes em uma única semana provocadas por choques elétricos. As ocorrências, que têm como principais causas práticas inadequadas, expõem a urgência de maior conscientização sobre os perigos associados à eletricidade.
De acordo com dados da Associação Brasileira de Conscientização para os Perigos da Eletricidade (Abracopel), em 2022, o estado liderou o ranking de mortes por choque elétrico no Brasil, com uma taxa de 9,79 mortes por milhão de habitantes, mais que o triplo da média nacional de 2,76. As causas incluem instalações elétricas irregulares, religações por conta própria, e a manipulação de bombas d’água e equipamentos elétricos sem os devidos cuidados.
Dentre as seis mortes registradas, duas foram na capital, Rio Branco, duas no município de Sena Madureira e uma morte em Bujari e Cruzeiro do Sul, todas devido a falta de cuidado no manuseio de equipamentos elétricos. Relembre os casos:
Bujari
Diego Lima, de 33 anos, proprietário de uma empresa de vigilância eletrônica, perdeu a vida em um acidente enquanto realizava a instalação de câmeras de segurança em uma propriedade rural no quilômetro 23 da BR-364.
Durante o trabalho, Diego acidentalmente encostou em um fio de alta tensão, sofrendo uma descarga elétrica e caindo da escada. Equipes do Samu foram acionadas e tentaram reanimá-lo, mas ele morreu dentro da ambulância. O corpo foi encaminhado ao Instituto Médico Legal (IML) para os procedimentos legais.
Cruzeiro do Sul
Emiliette Souza, de 26 anos, morreu enquanto lavava roupas na frente da casa. A jovem tocou em um fio energizado e sofreu uma descarga elétrica fatal. Vizinhos, ao ouvirem o barulho, correram para ajudar e conseguiram afastar o fio com pedaços de madeira, mas não houve tempo para salvá-la. Apesar das tentativas de reanimação pelo Corpo de Bombeiros, Emiliette não resistiu.
Sena Madureira
No Projeto Oriente, região do Alto Rio Iaco, dois irmãos, João Marcos Aragão, de 26 anos, e Jekson Aragão de Souza, de 27, tentavam consertar uma bomba d’água em um açude quando sofreram uma descarga elétrica fatal. O acidente aconteceu na quarta-feira (20), e os corpos foram resgatados pelo Corpo de Bombeiros e encaminhados ao IML em Rio Branco.
Mutum, Rio Branco
Um trabalhador não identificado morreu enquanto realizava manutenção em uma bomba d’água na região do Mutum, no quilômetro 14 da estrada local, na terça-feira (19). Populares encontraram a vítima caída no açude após algum tempo e acionaram o Samu. A equipe confirmou o óbito no local. O corpo foi levado ao IML, onde aguarda identificação oficial.
São Francisco, em Rio Branco
Um homem morreu ao ser eletrocutado na residência, no bairro São Francisco, na noite de domingo (17). Quando as equipes do Samu e do Corpo de Bombeiros chegaram, encontraram a vítima presa a um fio elétrico. O terreno difícil de acessar, com muita lama, dificultou os trabalhos, mas o óbito foi confirmado no local.
Alerta e Recomendações
A coordenadora de segurança da Energisa Acre, Gabriela Mendes, reforça a necessidade de cuidados ao lidar com energia elétrica, especialmente em tarefas como instalações ou reparos.
“É fundamental que apenas profissionais habilitados, com os equipamentos adequados, realizem trabalhos na rede elétrica. Ligações clandestinas e intervenções não autorizadas são extremamente perigosas”, afirma.
Gabriela também destacou a necessidade de atenção dentro de casa, especialmente com o aumento do uso de equipamentos elétricos durante o Natal. Ela orienta a população a utilizar produtos certificados pelo Inmetro, evitar sobrecarregar tomadas e garantir manutenção adequada nas instalações.
Na zona rural, práticas como o uso incorreto de bombas d’água e o manuseio de árvores próximas à rede elétrica são frequentes causas de acidentes. “Água e eletricidade não combinam. Todo cuidado é pouco para evitar tragédias”, alerta.
A Energisa intensificou ações de conscientização em todo o estado, buscando reduzir o número de acidentes. As campanhas abordam desde os riscos de instalações antigas e emendas malfeitas até os perigos de intervenções clandestinas.
Com a proximidade das festas de fim de ano, o alerta é ainda maior. O uso indevido de enfeites natalinos e a sobrecarga em equipamentos elétricos representam novos riscos. Segundo a coordenadora, a mensagem central é clara: “Segurança deve ser prioridade”.