Através de uma live realizada na noite desta última sexta-feira (22), foi revelado detalhes sobre as circunstâncias da morte de Joyce Sousa de Araújo, de 41 anos, cuja família aponta como resultado de abusos psicológicos e financeiros sofridos durante o relacionamento com um homem de Itabira, Minas Gerais.
A filha e a irmã da vítima denunciaram o que consideram um caso de estelionato amoroso e feminicídio psicológico, destacando a necessidade de justiça e jurisprudência sobre crimes dessa natureza.
Relacionamento
Joyce conheceu o suspeito em uma live e deu início ao relacionamento. Segundo a família, o homem utilizou táticas manipulativas para abusá-la psicologicamente e explorá-la financeiramente, resultando em transferências de até R$100 mil, financiamento de veículo, além do uso do FGTS da possível vítima.
Ao longo da relação, a irmã e a filha de Joyce, relataram que ela sofreu agressões psicológicas constantes. Em cadernos encontrados após a morte, estavam registradas anotações que detalham ofensas como “demoníaca”, “louca” e “covarde”. Esses registros também indicam que o homem a pressionava emocionalmente e a instigava ao desespero.
“Ela começou a acreditar que era louca, que estava errada. Ele fazia ela se sentir culpada por tudo. Isso é abuso psicológico, e é crime”, ressalta a irmã, em live.
Suspeito
Durante a transmissão, a família revelou que investigou o passado do suspeito e encontrou processos judiciais nos tribunais da Bahia e do Rio Grande do Norte, relacionados a violência doméstica e assédio sexual. Elas revelaram também que outras três mulheres, possíveis vítimas do mesmo homem, relataram histórias semelhantes de abuso e exploração.
O suspeito, segundo as informações da família, possui um perfil de “predador de mulheres”, utilizando relacionamentos para manipular emocionalmente as vítimas e obter vantagens financeiras. A denúncia também inclui episódios de importunação sexual envolvendo a filha de Joyce.
Em 11 de novembro, Joyce solicitou uma medida protetiva contra o suspeito. Contudo, a proteção não foi efetivada, pois o processo não chegou a Minas Gerais a tempo. De acordo com a irmã da vítima, a polícia exigia o depoimento da própria Joyce, que estava hospitalizada em estado grave.
“A polícia nos disse que precisavam de um depoimento da vítima. Como ela ia depor se já estava em coma? Isso é um absurdo!”, lamenta a irmã.
A família também enfrentou dificuldades para registrar as denúncias devido à falta de atendimento em feriados e fins de semana nas delegacias. Essas questões burocráticas, segundo a irmã, contribuíram para que o caso não fosse tratado com a urgência necessária.
Pedido de Ajuda
Joyce tentou tirar a própria vida. Apesar dos esforços médicos, desenvolveu pneumonia e, após uma parada cardíaca, faleceu. A família acredita que os abusos psicológicos sofridos foram determinantes para morte.
“Abuso psicológico é crime. A minha irmã foi instigada a cometer esse ato e morreu depois. Eu quero justiça. Nós precisamos nos mobilizar para que outras mulheres não passem por isso”, a irmã de Joyce desabafou.
A família agora busca especialistas, como psicólogos forenses, para analisar as evidências, incluindo os cadernos e materiais reunidos, que pesam cerca de seis quilos.
“Tenho uma bolsa de seis quilos de provas, mas nos disseram que isso pode não ser suficiente. Como não é suficiente? Minha irmã sofreu, registrou tudo, pediu ajuda, e nada foi feito. Isso é inaceitável!”, afirma.
A irmã e a filha da vítima pedem que advogados e autoridades se mobilizem para criar precedentes e assegurar que crimes como esse não fiquem impunes. A história de Joyce, segundo a família, deve servir como um alerta para a sociedade sobre os perigos da violência psicológica e como ela pode ser tão devastadora quanto a violência física. “Queremos que a história da minha irmã seja a voz de outras mulheres”, concluiu a irmã durante a transmissão.
Canais de Ajuda
O acolhimento da vítima é essencial para romper o ciclo de violência e desvincular-se do agressor. É fundamental contar com uma rede de apoio, que pode incluir familiares e amigos, além de serviços especializados que oferecem assistência jurídica e psicológica.
As vítimas podem procurar a Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam) pelo telefone (68) 3221-4799 ou a delegacia mais próxima.
Também podem entrar em contato com a Central de Atendimento à Mulher, pelo Disque 180, ou com a Polícia Militar do Acre (PM-AC), pelo 190.
Outras opções incluem o Centro de Atendimento à Vítima (CAV), no telefone (68) 99993-4701, a Secretaria de Estado da Mulher (Semulher), pelo número (68) 99605-0657, e a Casa Rosa Mulher, no (68) 3221-0826.