Localizado na AC 40, em Rio Branco, o campo da Escolinha Vila da Amizade se tornou um refúgio para mais de 55 crianças e adolescentes entre 11 e 20 anos. Fundada há quatro anos, a iniciativa oferece aulas de futebol gratuitas divididas em categorias como sub-11, sub-13, sub-15, sub-17, sub-18 e sub-20. Porém, mais do que treinar jogadores, o projeto busca formar cidadãos, oferecendo sonhos e esperança para jovens que veem no esporte uma oportunidade de mudar suas vidas.
À frente da escolinha está Francisco Joelson, treinador e voluntário que doa seu tempo e esforço para manter o projeto vivo. “O nosso objetivo é único. Não é só formar jogadores; queremos formar pessoas melhores para a sociedade. Muitos jovens aqui não têm outra ocupação, e acabam encontrando no futebol um espaço para aprender e se desenvolver como indivíduos”, explica Joelson.
Apesar das dificuldades financeiras e da falta de estrutura básica, como uniformes e equipamentos, os treinos acontecem diariamente, faça chuva ou sol. “A única coisa que podemos oferecer é a bola, água e muito amor. Conseguimos gelo com dificuldade, trazemos tudo com carinho e trabalhamos para dar o melhor para esses jovens”, acrescenta o treinador.
Mesmo com recursos limitados, a dedicação da equipe e o talento dos atletas têm gerado frutos. Alguns jovens formados pela Vila da Amizade já integram clubes fora do estado, mostrando que o projeto tem sido uma verdadeira ponte para novas oportunidades.
Enzo Pietro, de 13 anos, é um exemplo de como a escolinha transforma vidas. Ele chegou ao projeto com poucos recursos e muita determinação. “Eu treinava no Bahia, mas meus amigos me chamaram pra vir aqui. Minha mãe comprou uma chuteira pra mim e agora não quero mais sair daqui. Se aparecer uma oportunidade, eu vou agarrar com tudo”, conta o garoto.
Outro destaque é Paulo Henrique, de 19 anos, que treina na escolinha há mais de três anos. “Comecei com o professor Giovanni e depois com o professor Joelson. Desde então, nunca mais parei. Espero que no próximo ano a gente receba mais apoio, porque estamos sendo cada vez mais reconhecidos”, afirma o jovem.
A escolinha sobrevive graças à dedicação de pais e voluntários, mas ainda carece de apoio externo para ampliar seu alcance e melhorar as condições de treino. “O que mais precisamos é estrutura, não apenas material, mas também humana. Palestras sobre temas como saúde e violência, por exemplo, seriam um grande reforço. E, claro, precisamos de ajuda para manter o campo em condições adequadas”, destaca Joelson.
A manutenção do campo, feita de forma improvisada pelos próprios alunos e pais, é apenas um dos desafios. “Quando conseguimos juntar dinheiro, usamos para comprar gasolina e limpar o campo. Pagar alguém para fazer isso custa cerca de 400 reais, algo inviável para nós”, lamenta o treinador.
Apesar das adversidades, os jovens sonham alto. Arthur Gabriel, de 15 anos, é um dos novos atletas da escolinha e já vislumbra um futuro promissor no futebol. “Quero crescer, melhorar cada vez mais e quem sabe um dia jogar em um time grande. Mas sou muito grato pelo treinador e pela equipe daqui”, comenta.
A escolinha Vila da Amizade é um exemplo de como o esporte pode ser um agente de mudança social ajudando a contribuir com um futuro melhor para a juventude de Rio Branco, mas para isso, precisa no mínimo de apoio para continuar transformando os sonhos em realidade.
Com informações do repórter Marilson Maia para TV Gazeta