Com a temporada de chuvas, os produtores rurais voltam a viver no isolamento. Quem tem veículo e tenta sair em qualquer um dos ramais da Transacreana, precisa se preparar para uma aventura. Dentre vários casos, no ramal do Noca, uma caminhonete traçada apenas saiu do atoleiro com a ajuda de dois cavalos. Em outro relato, nem a tração de outra caminhonete e a força de cinco homens conseguiram tirar o veículo do atoleiro.
Muitos ramais são cobertos pelas águas dos igarapés nessa época do ano. Quem se arrisca cai na ribanceira e fica no prejuízo. Em alguns pontos a correnteza é tão forte que vai levando a terra e formando cachoeiras. As pontes também ficam cobertas. As famílias tentam sair de barco, mas até assim é difícil. No ramal Boa União, não tem como o barco passar nem por cima e nem por baixo da ponte. O jeito foi todo mundo descer na margem, descarregar as mercadorias e tentar passar pela lateral.
Para o presidente do Sindicato dos Extrativistas (Sinpasa), Josimar Ferreira do Nascimento, a situação precária dos ramais está acontecendo porque tanto o governo do estado quanto a prefeitura de Rio Branco deixaram de trabalhar nos ramais e onde as obras foram feitas, não suportaram as primeiras chuvas.
“Essas questões dos ramais, além de ser mal feito, não tem uma estrutura boa, não tem uma boa engenharia para que possa fazer um ramal de qualidade, elevar os ramais onde precisa ser elevado. E também, a maioria desses ramais, onde foi colocado pela Prefeitura do Estado, que fez 1.800 quilômetros de ramais, mas nós sabemos que o feito que eles falam é só aquela raspagem, é só um paliativo. Não faz um ramal de qualidade, não dá uma devida estrutura para que o ramal possa aguentar nesse período agora invernoso.” afirma.
Os estudantes também vão ficar sem aula, pois os ônibus não conseguem mais entrar nos ramais. O sindicato prevê um prejuízo muito maior na produção do que no ano passado.
“Onde tem essas pessoas que estão aí produzindo, eles não tem como escoar, porque não tem como tirar o produto e lá dentro onde eles procuram fazer a pelagem do arroz, fazer a limpeza, o camarada está cobrando dois reais por quilo para poder limpar, então não compensa.”, finaliza o presidente.
Matéria produzida pelo repórter Adailson Oliveira para a TV Gazeta.