A estátua em homenagem ao líder sindical e ambientalista Chico Mendes, localizada na Praça Povos da Floresta, no centro de Rio Branco, foi novamente alvo de vandalismo. O monumento teve os antebraços e mãos destruídos, um ato identificado na manhã de ontem. Este não é um incidente isolado: em 2022, a estátua havia sofrido depredações, e, quatro anos antes, uma escultura de uma criança que a acompanhava foi furtada. Restaurada e devolvida em 2023, a obra está novamente danificada, gerando indignação e demandas por maior preservação do patrimônio histórico e cultural local.
Responsável por trabalhos anteriores na mesma estátua, o artista plástico Darci Seles está envolvido no processo de restauração. Ele destaca a complexidade da reparação devido à falta de infraestrutura local para trabalhar com bronze. “Em Rio Branco, não há fundição que produza ou restaure peças artísticas em bronze. O que faremos agora é uma adaptação com fibra de vidro, tentando integrar os materiais de forma que o resultado fique harmonioso”, explica. Segundo ele, a junção de fibra com o bronze original exige técnicas precisas e grande dedicação para minimizar sinais de intervenção.
Além dos desafios técnicos, Seles expressou tristeza com os constantes atos de vandalismo contra monumentos da cidade. “Não é a população em geral, mas algumas pessoas que não valorizam a arte e o patrimônio. Infelizmente, sem segurança adequada, obras como a de Chico Mendes ficam vulneráveis”, afirmou o artista, mencionando outros casos de depredação na cidade, como as estátuas do Plácido de Castro e Juvenal Antunes.
A retirada da estátua para o ateliê do Museu dos Povos Acreanos, onde a primeira restauração foi realizada, está sendo considerada, mas apresenta dificuldades logísticas. A peça é pesada, exigindo o esforço de ao menos seis pessoas para ser transportada. Caso a remoção seja inviável, a equipe pode realizar os ajustes diretamente no local.
O presidente da Fundação Elias Mansour (FEM), Minoru Kinpara, reforçou, através de nota, a necessidade de revitalização da obra, garantindo o apoio dos artistas locais Darci Seles e Luís Carlos Gomes. Em nota, a FEM destacou a necessidade de preservar a memória e o legado de Chico Mendes. “Este monumento é mais do que uma homenagem. É um símbolo de luta e resistência que precisa ser protegido.”
Por enquanto, a estátua de Chico Mendes permanece na Praça Povos da Floresta, visivelmente danificada, enquanto as equipes organizam a restauração. Ainda paira a incerteza sobre o paradeiro da escultura infantil desaparecida em 2018. Há relatos de que a peça pode estar sob custódia da Polícia Federal, mas a FEM aguarda confirmação oficial.
Com informações da repórter Débora Ribeiro.