As fortes chuvas registradas no último final de semana em Rio Branco provocaram o transbordamento de igarapés e deixaram milhares de pessoas afetadas em diversos bairros da capital. O coordenador da Defesa Civil, coronel Falcão, participou do programa Gazeta Entrevista nesta segunda-feira (26) e detalhou a situação, destacando o impacto das chuvas e os desafios enfrentados pelas equipes de resgate.
Segundo o coronel, apenas entre sexta-feira (23) e sábado (24), o volume de chuva chegou a 130 milímetros em 24 horas, o que representa 43,2% da média esperada para todo o mês de fevereiro. “Choveu em um único dia o que era esperado para quase 15 dias”, explicou.
Os bairros mais afetados incluem a região da Sobral, que compreende nove bairros, além do Laélio Alcântara, Ilson Ribeiro, Bairro da Paz e Parque das Palmeiras. “No domingo de madrugada, a partir da uma da manhã, contabilizamos 5 centímetros de avanço da água a cada minuto no Igarapé Batista. A correnteza estava muito forte, exigindo o uso imediato de embarcações para resgatar moradores”, relatou Falcão.
Mais de 5 mil pessoas foram impactadas pelas enchentes, o que mobilizou equipes da Defesa Civil e do Corpo de Bombeiros. “Nós compreendemos a aflição da população. Tivemos dois bloqueios de via por parte de moradores, mas estivemos no local para dialogar e garantir que todos seriam atendidos”, afirmou o coordenador.

Rio Acre se mantém estável, mas risco continua
Apesar das chuvas intensas, o nível do Rio Acre registrou às 05h34m desta terça-feira 10,70 metros, fora de um patamar crítico. “O rio está entre 10 e 11 metros, ainda abaixo da cota de alerta, que é 13,50 metros. Mas sabemos que ele pode subir rapidamente, dependendo do volume de chuvas na bacia”, explicou Falcão.
O maior problema, no entanto, está nos igarapés. “Enquanto o Rio Acre depende das chuvas em toda a bacia, desde o Peru até o Purus, os igarapés transbordam apenas com a chuva local. Com a quantidade de água que caiu, não havia outra alternativa, infelizmente”, ressaltou.

Preocupação para os próximos dias
A Defesa Civil alerta que o cenário pode se agravar nas próximas semanas. “Tivemos uma reunião na semana passada com diversos órgãos e meteorologistas, e há previsão de chuvas ainda mais intensas nos próximos 40 dias. Março pode ter 25 dias de chuva em 31, aumentando o risco de transbordamentos”, explicou o coronel.
Além do impacto direto das inundações, há também o risco geológico. “O solo está encharcado, e temos preocupação com desmoronamentos que podem ameaçar vidas. Pedimos à população que fique atenta e evite áreas de risco”, alertou.
Falcão reforçou ainda a importância da conscientização. “Nada vale mais do que a vida. Pedimos que as pessoas não se coloquem em perigo e sigam as orientações das autoridades”, concluiu.
