Com chuvas intensas, alguns igarapés transbordaram em Rio Branco, e causaram alagamentos em dezenas de ruas próximas, no último sábado (22). O volume de água chegou a 1,5 metro de altura em algumas residências e atingiu 1.100 famílias em 17 bairros da capital acreana. Apesar dos transtornos, a maioria das famílias conseguiu permanecer em casa, enquanto 20 optaram por se abrigar com parentes ou amigos, e apenas cinco famílias precisaram ser acolhidas em um abrigo público.
O abrigo, montado em uma escola, recebeu 21 pessoas, incluindo idosos, adultos e crianças, que perderam as moradias em questão de horas. Entre os desabrigados está Maria Alessandra, merendeira e mãe de três filhos, que também cuida da avó cadeirante. Ela relata que a situação foi extremamente estressante.
“Em casa, a gente sempre fica se resguardando, olhando as águas, vendo se está subindo. Aí começou a subir rapidamente. A equipe da Defesa Civil chegou para nos tirar e salvar nossos móveis. É muito desgastante, muito estressante”, comenta.
No abrigo, cada família foi alocada em uma sala de aula, onde também estão guardados os móveis resgatados antes que as casas fossem completamente inundadas. A Defesa Civil presta assistência básica, incluindo alimentação, e segue um protocolo de segurança que determina que as famílias só podem retornar às suas residências 72 horas após a retirada. O coordenador municipal de Defesa Civil, Tenente Coronel Cláudio Falcão, explicou que o procedimento é necessário para garantir a segurança dos moradores.
“Nosso protocolo fala em no mínimo 72 horas no caso de enxurradas. Eles estão aqui desde domingo e só devem sair na quarta-feira (26). Estamos assistindo a todas as necessidades: saúde, alimento, abrigo, entretenimento e segurança”, enfatiza o coronel.
Falcão também destacou a importância de aguardar a vistoria completa nas áreas afetadas antes de permitir o retorno das famílias.
“Recomendamos que aqueles que foram para casas de parentes também aguardem. As pessoas pedem para voltar imediatamente, mas precisamos garantir que não haja riscos. Não adianta retornar hoje e ter que evacuar de novo amanhã”, afirma.
A rotina no abrigo é marcada pela convivência coletiva e pela falta de privacidade, um contraste com a vida que as famílias levavam nas casas. Maria Alana, dona de casa, compartilhou a experiência e enfatiza que toda essa situação é desgastante para ela e os parentes.
“Por um lado, é bom ter amparo, mas por outro é ruim conviver com tantas pessoas diferentes. É estressante, mas fomos bem acolhidos”, conclui.
Matéria em vídeo produzida pela repórter Débora Ribeiro para a TV gazeta