Durante o painel “COP30 no Radar: Como inserir a pauta da Amazônia urbana na agenda?”, realizado no Encontro Preparatório para a COP30 (EPPAM), o prefeito de Rio Branco e presidente da Associação dos Municípios do Acre (Amac), Tião Bocalom, defendeu um olhar mais integrado e humano para as políticas ambientais.
Em sua fala, o prefeito destacou a importância dos governos municipais na construção de soluções sustentáveis. “Quem está na base, como prefeitos e vereadores, muitas vezes fica sem saber o que fazer. O meio ambiente, eu entendo como um tripé: ambiental, econômico e social. Se esquecem que o ambiente começa dentro de casa. Na Amazônia, temos animais, floresta, mas nossa maior riqueza são as pessoas”, afirmou.
O painel faz parte da programação preparatória para a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), que será realizada pela primeira vez na Amazônia brasileira, em 2025, marcando 20 anos do Protocolo de Quioto e 10 anos do Acordo de Paris.
Desenvolvimento ambiental com inclusão social
Bocalom ressaltou que, em Rio Branco, a gestão busca equilibrar desenvolvimento e preservação com ações concretas que envolvem educação ambiental, apoio ao pequeno produtor e políticas públicas inclusivas. Ele criticou abordagens punitivistas voltadas às populações mais vulneráveis.
“Na Prefeitura de Rio Branco, fiscal não anda com polícia. Vai à rua educar, toma café com o mais pobre. Essas pessoas, muitas vezes, intervêm no meio ambiente para sobreviver. O que muda isso é a educação – e dar meios de sobrevivência por meio da agricultura familiar”, disse.
O prefeito citou ações de recuperação de solo, aplicação de calcário, mecanização agrícola e assistência técnica como exemplos práticos implementados no município.
Ao final de sua fala, Bocalom reforçou a necessidade de respeitar a autonomia dos municípios: “Não dá para os governos federais e estaduais virem dizendo o que temos que fazer. Nós sabemos. Só precisamos de apoio e condições”, destacou.
O evento destacou que cerca de 70% da população amazônica vive em áreas urbanas — um dado ainda pouco considerado nas negociações climáticas — e que é urgente integrar as especificidades da Amazônia urbana nas metas globais de mitigação e adaptação.