A cada 100 acreanos em idade de trabalhar, pelo menos oito estão desocupados. A taxa de 8,2% coloca o Acre entre os três estados com os maiores índices de desemprego do país, segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), divulgada na última semana pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Apesar de estável em relação à média de 2024, que fechou em 7,3%, o número ainda preocupa. O Acre permanece acima da média nacional e reflete o padrão histórico das regiões Norte e Nordeste, onde o mercado de trabalho é mais vulnerável a oscilações econômicas e políticas.
Para o economista Carlos Franco, a combinação entre dependência do setor público e instabilidades orçamentárias ajuda a explicar o cenário. “Tradicionalmente, a gente tem uma dependência muito grande das transferências do governo. Esse início de ano foi bastante complicado porque o Congresso só aprovou o orçamento federal em março. Então nós ficamos com três meses muito ruins para a economia, com uma circulação de dinheiro muito restrita”, afirmou. Ele também destacou o comportamento cíclico da economia local: “Janeiro e fevereiro são meses em que a economia do Acre costuma encolher”.
Na visão de quem convive com os impactos da desocupação diariamente, a falta de políticas públicas e investimentos é sentida de forma direta. O eletrotécnico Luiz Portela afirma que a ausência de incentivo ao comércio e ao setor de lazer contribui para o fechamento de postos de trabalho. “Acabaram com tudo em Rio Branco, os bares, as áreas de lazer, e isso tudo gerava emprego. Hoje não tem mais. Você vê a cidade, depois das 10 da noite, é melhor procurar ir pra casa”, diz.
Maria acredita que falta incentivo especialmente para a população mais jovem. “Deveria investir mais, principalmente nos jovens que estão desempregados. Muita gente procura e não acha. Sem trabalho, muita gente acaba indo para o caminho errado”, lamenta.
Além do desemprego, o IBGE também apontou que a taxa de subutilização da força de trabalho no Brasil ficou em 15,9%. No Acre, os números seguem dentro da média da região Norte, o que indica que muitas pessoas trabalham menos horas do que gostariam ou estão em ocupações informais.
Diante desse cenário, especialistas defendem o fortalecimento de políticas de fomento ao empreendedorismo como alternativa sustentável para o desenvolvimento econômico local. “A dependência excessiva do setor público causa um problema muito sério para o país. Investimentos em empreendedorismo podem modificar esse quadro, mas não é algo que se resolve no curto prazo”, ressalta Carlos Franco.
A expectativa agora é que programas de geração de emprego e apoio à economia local possam começar a mudar esse cenário nos próximos trimestres.
Com informações do repórter Marilson Maia para TV Gazeta