Famílias do projeto de assentamento Pai Antimari, localizado na divisa entre Acre e Amazonas, interditaram um trecho da BR-364 no início desta semana em protesto contra a atuação de agentes do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). O bloqueio, que durou cerca de 10 horas, gerou longas filas de veículos e mobilizou a Polícia Rodoviária Federal.
De acordo com os manifestantes, a interdição foi uma resposta direta à forma como a operação do Ibama tem sido conduzida na região. Os assentados acusam os agentes de abuso de autoridade, denunciando ações como invasões de residências, apreensão de bens, queima de equipamentos e até destruição de instalações. Vídeos gravados pelos próprios moradores mostram helicópteros sobrevoando a área, máquinas queimadas e relatos de corte da fiação de internet.
Segundo os relatos, algumas casas teriam sido invadidas na ausência dos proprietários, e objetos como motosserras e espingardas foram retirados sem mandado judicial. Também há denúncias de que veículos estacionados em terrenos particulares teriam sido multados, e áreas consideradas desmatadas estariam sendo embargadas sem notificação prévia.
“Mutar e embargar é um direito, mas violar o direito do ser humano, já perderam o direito deles”, diz um dos manifestantes durante o protesto.
Diante da pressão, a superintendente do Ibama no Acre, Melissa Machado, esteve no local e ouviu os assentados. Ela explicou que a operação segue critérios técnicos e ocorre em área de reserva legal, onde qualquer tipo de desmatamento é considerado crime ambiental. Segundo Machado, nenhuma residência foi incendiada, e os focos de destruição registrados ocorreram em acampamentos usados para apoio às ações de desmate.
A superintendente também afirmou que, em casos de denúncias de abuso de autoridade, os moradores têm o direito de apresentar provas e solicitar apuração individual dos casos.
“Podemos deslocar uma equipe para verificar esses processos, caso a caso, e colaborar para garantir o acesso à informação”, afirma.
Após o diálogo com a representante do Ibama, os manifestantes decidiram liberar a rodovia. Apesar disso, o clima de tensão permanece na região. Os moradores afirmam que continuarão buscando apoio de autoridades e instituições voltadas à defesa dos direitos humanos para acompanhar a situação e garantir que possíveis excessos sejam investigados.
Matéria em vídeo produzida pela repórter Débora Ribeiro, para TV Gazeta.