O Rio Acre atravessa uma das mais severas estiagens da última década. Sem chuvas desde o dia 17 de junho, Rio Branco vive os efeitos intensos do chamado “verão amazônico”, período que se estende de junho a novembro e é caracterizado por altas temperaturas, escassez de chuvas e aumento das queimadas. Em resposta ao agravamento da situação, órgãos estaduais ativaram planos emergenciais de contingência para enfrentar os impactos da seca.
A Defesa Civil estadual já colocou em prática o Plano de Exaeramento Hídrico, parte da chamada “Operação Estiagem”, que visa atender milhares de pessoas afetadas pela escassez de água em comunidades urbanas e rurais. Segundo o coronel Carlos Falcão, coordenador do órgão, a situação é monitorada diariamente. “Nós acompanhamos dados sobre chuvas, níveis dos rios, qualidade do ar, umidade relativa e temperatura. Desde maio temos registrado déficit hídrico. A previsão para os próximos dias não aponta chuvas significativas, o que agrava o cenário”, afirmou.
Na quarta-feira (9), o nível do Rio Acre estava em 1,83 metro em Rio Branco. O volume se aproxima da marca histórica de seca registrada no mesmo período de 2023, quando o rio chegou a 1,74 metro, o mais baixo da última década. Com a continuidade da estiagem, há expectativa de que o recorde negativo seja superado.
O baixo nível do manancial tem provocado dificuldades tanto para o abastecimento de água potável quanto para a navegação. Moradores que dependem do rio como via de transporte relatam obstáculos cada vez maiores. “Na parte de baixo do rio, a cachoeira já está seca. O barco não consegue mais passar”, relatou um ribeirinho que navega diariamente na região.
A operação de abastecimento emergencial já atende 42 comunidades, com serviço realizado de forma presencial por equipes de campo. A estimativa é de que o trabalho se estenda até dezembro, quando se espera o retorno mais consistente das chuvas. Além disso, as autoridades não descartam a possibilidade de decretação de estado de emergência nas próximas semanas, medida que pode acelerar recursos e ações para mitigar os efeitos da estiagem.
O monitoramento do rio também envolve ações de segurança na navegação, com orientações para evitar deslocamentos noturnos e fiscalização da captação de água feita para o abastecimento urbano, em parceria com o Serviço de Água e Esgoto de Rio Branco (SAERB). O objetivo é garantir que as bombas funcionem com eficiência e segurança, mesmo com o nível reduzido do rio.
O cenário atual acende um alerta não apenas para o abastecimento de água, mas também para os riscos relacionados às queimadas e à saúde pública. A Defesa Civil segue em alerta máximo, acompanhando em tempo real as mudanças climáticas e estruturando medidas para proteger a população do Acre neste período crítico.
Com informações do programa Balanco Geral Acre, para TV Gazeta.