Após semanas foragido, o líder indígena Isaka Ruy, acusado de estuprar a turista chilena Loreto Belen durante uma imersão em aldeia do povo Huni Kuin, no município de Feijó, se entregou nesta quarta-feira (9) à Polícia Civil do Acre. Acompanhado de advogados, ele foi ouvido pelo delegado responsável pelo caso e negou todas as acusações, afirmando que não teve qualquer tipo de contato sexual com a estrangeira.
Com base nos depoimentos colhidos até o momento, incluindo de testemunhas que também negam a ocorrência de estupro, o delegado decidiu solicitar a revogação da prisão preventiva. Até que a Justiça se manifeste, Isaka Ruy permanece detido em uma das celas da delegacia de Feijó. Seus advogados estão em Rio Branco e tentam garantir que ele possa responder ao processo em liberdade. Segundo a polícia, ele se comprometeu a permanecer disponível na aldeia e comparecer sempre que for convocado para novos depoimentos.
A denúncia foi feita por Loreto Belen há cerca de duas semanas, após ela deixar a aldeia. A turista relatou que, ao participar de uma experiência imersiva sobre medicina tradicional indígena, pela qual pagou R$ 5.500, sofreu abusos sexuais em três ocasiões. O último episódio, segundo ela, aconteceu em uma trilha próxima à aldeia, onde teria sido estuprada. A chilena também relatou ter sido agredida pela esposa de Isaka com um pedaço de madeira antes de conseguir sair do local.
O caso ganhou repercussão nas redes sociais, onde Loreto mantém publicações relatando o ocorrido. A versão da turista, no entanto, vem sendo contestada por integrantes da comunidade indígena e por pessoas próximas ao acusado. O próprio Isaka declarou, em depoimento, que nunca teve qualquer relação com ela, nem mesmo consensual.
Apesar do pedido de revogação da prisão, a investigação segue em curso. O delegado informou que outras pessoas serão ouvidas e que tentará novamente escutar a denunciante, mesmo à distância. A intenção é reunir mais elementos antes de qualquer decisão definitiva sobre o indiciamento ou arquivamento do caso.
A secretária estadual de Políticas para as Mulheres, Márdhia El-Shawwa, afirma que o Governo do Acre acompanha de perto a apuração e não abrirá mão de investigar os fatos com rigor.
Enquanto a investigação busca esclarecer o que de fato ocorreu, operadores do turismo de base comunitária e indigenistas demonstram preocupação com os impactos do caso na imagem das atividades voltadas à imersão cultural.
Com informações do repórter Adailson Oliveira, para TV Gazeta.