Por volta das 11 da manhã desta terça-feira (12), famílias de sem-terra invadiram a sede regional do Incra em mais um movimento pela reforma agrária.
Uma das primeiras providências foi amontoar na entrada do Instituto várias espécies de alimentos, com objetivo de demonstrar que ali estavam produtores rurais. Montaram uma tenda e no entorno do prédio e iniciaram a ocupação, com colchões e objetos pessoais.
Crianças, mulheres e idosos fazem parte do movimento de cerca de 200 famílias que recentemente sofreu uma ação de reintegração de posse em uma área de terra, localizada no ramal do cacau no quilômetro 85 da BR 364 no município do Bujari. Há mais de 20 dias eles se abrigam às margens do rio Antimary, em um curral usado pela prefeitura do município para descarregar bovinos dos ribeirinhos ou debaixo da ponte.
Segundo o líder da associação de produtores do ramal do cacau, Janes Mesquita, parte da área invadida há 1 ano e meio é da União e o Incra precisa retomá-la para a reforma agrária. “Nós não estamos querendo nada do fazendeiro. Só queremos os 5.817 hectares que “é” da União. A gente precisa que as autoridades nos reconheçam e que venham solucionar o problema”, disse
Os sem-terra afirmam que vão permanecer na sede do Incra por tempo indeterminado.
De acordo com o superintendente regional do órgão, Idesio Frank, foi solicitado das famílias o preenchimento de cadastros, inclusive para identificar quem tem perfil para reforma agrária, e eles ainda não foram entregues.
Quanto a reivindicação dos manifestantes, ele explica que já foi feita uma avaliação da área e o Incra entendeu que parte dela é da União e vai tomar providências. “Toda área é registrada em nome privado e nós vamos tomar medidas administrativas, legais e judiciais para a retomada da área que consideramos da União. Sobre a área privada vamos fazer laudo de vistoria para ver se é possível criar um projeto de assentamento”, informou.
Mesmo com a formalização de que parte da área invadida é da União, o Superintendente do Incra adverte que, para haver assentamento, as famílias precisam se enquadrar nos critérios exigidos. Segundo teria informado uma pessoa do próprio movimento, apenas 15% das famílias se enquadram no perfil da reforma agrária.