Trabalho do grupo TRZ Crew se espalha pela cidade
A polêmica da operação Cidade Limpa de São Paulo, onde a prefeitura decretou guerra conta a pichação, acabou respingando nos artistas do grafite. Muitos muros, fachadas e prédios que expunham grafite acabaram recebendo a tinta de cor cinza, por que segundo a administração pública, estavam em mal estado de conservação.
E no meio disso tudo, ficou mais uma vez evidente a confusão entre o que é grafite e o que é pichação. “É uma pergunta que a gente tem que responder quase que diariamente. A diferença é a autorização. Pichar é crime, já tem lei pra isso. A diferença primordial é a autorização do proprietário do espaço”, explica o grafiteiro José Alberto Júnior, do grupo TRZ Crew.
No skate park, um dos ambientes mais jovens e descolados da capital, alguns espaços mostram o trabalho dos grafiteiros e o desserviço dos pichadores. Em um dos muros, por exemplo, o que era arte, virou um monte de rabiscos, com a invasão da pichação.
Do outro lado do parque, o grupo TRZ Crew ainda se orgulha de uma, fundos de uma papelaria que os pichadores ainda respeitam. A pintura homenageia os anos 80, com os jogos de vídeo game mais populares.
“Essa parede aqui faz referência ao Atare, o primeiro vídeo game que bombou no Brasil. Fala do som, do rock in roll, dos filmes, essa parede em especial do Atare”, explica José Alberto. Os artistas de rua defendem que o grafite nasceu para melhorar espaços degradados e também para causar reflexões.
O grupo TRZ Crew já participou de diversos eventos da capital, movimentos estudantis e também já foram premiados em concursos da modalidade.
O último trabalho deles está sendo concluído em uma casa no bairro Abraão Alab. O proprietário pediu que a pintura fosse uma extensão do jardim e o muro, que era chapiscado de cimento, ganhou uma bela paisagem, com muito verde. Os jovens não vivem só de ideologia, hoje, conseguem sobreviver da arte. “Agora a gente vive disso, ganhando, vendendo, mas tem trabalhos voluntários como a gente já fez em várias escolas”, afirma Wanderson Ximenes.
Na casa do bairro Abraão Alab, o grafite vai ocupar cerca de 20 metros do muro. Nos fundos, próximo a piscina, o proprietário está decidindo se vai expor o amor pelo time de futebol, com um brasão do Fluminense.
Os artistas abandonaram o lápis para esboçar os desenhos e em todo processo só utilizam spray e pistola. Eles abusam dos moldes e de detalhe em detalhe, constroem paisagens incríveis. Mais do trabalho pode ser visto no endereço do Facebook: FACEBOOK/TRZCREW68.