Profissional é agente de saúde pública e faz parte do SUS
A nomeação de um médico veterinário para chefiar o programa de imunização da Covid-19 no Brasil causou repercussão negativa em parte dos meios de comunicação e com a população, porém de forma errônea. A informação em circulação a nível nacional dava a entender que esse profissional não é capacitado para a função.
“Ao longo da sua formação profissional, o médico veterinário estuda a história natural das doenças e possui inúmeras disciplinas que explicam o processo saúde-doença, o que o deixa apto a planejar, executar, monitorar e avaliar ações de prevenção e controle de delas, seja na saúde animal, humana e ambiental”, explica o presidente do Conselho Regional de Medicina Veterinária, André Luiz Teixeira.
“Esse profissional possui uma formação ampla que permite cuidar de animais de estimação, de produção e reprodução, de inspecionar e fiscalizar produtos de origem animal, dentre outras atividades relacionadas ao universo da interação animal-humano. É importante perceber que o médico veterinário é formado para cuidar de populações animais, consequentemente cuidando também da saúde humana”, destaca a professora universitária e pesquisadora, com atuação em medicina veterinária preventiva, Luciana Medeiros.
Segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), cinco novas doenças surgem ao ano e, dessas, três são de origem animal. Os médicos veterinários são agentes de saúde pública, e integram equipes do Sistema Único de Saúde (SUS) desde 2012.
Professora Luciana Medeiros durante pesquisa em laboratório
“O Departamento de Imunização e Doenças Transmitidas é responsável por traçar a estratégica de controle e prevenção de doenças transmissíveis, o que por si só justifica a nomeação de um médico veterinário, sendo que 60% das doenças infecciosas humanas e 75% das patologias emergentes tem origem animal conforme a OMS”, declara Teixeira.
Dentro do contexto de pandemia, no qual vivemos, entre as áreas de atuação desse profissional podemos destacar a produção de vacinas. Muitos testes e triagens para elaboração de novos fármacos e produtos biológicos precisam passar inicialmente por animais para verificação da eficácia e segurança. Logo um médico veterinário necessariamente deve fazer parte desta equipe.
“Temos um profissional multifacetado que pode contribuir para uma sociedade mais saudável na sua relação com os animais e com outras pessoas. O processo de formação de profissional inclui sua busca por especializações, logo, é possível observar que um médico veterinário com um mestrado, doutorado e especializações em Epidemiologia e Saúde Pública pode ser uma peça chave para impedir que doenças de animais possam ser transmitidas para humanos, como observado em diversas epidemias”, conclui Medeiros.