Estudo foi publicado em periódico dos Estados Unidos
Pesquisadores da Universidade Federal do Acre (Ufac) publicaram artigo científico no “Journal of the Science of Food and Agriculture” no mês de setembro. O trabalho é fruto da dissertação de mestrado de Susan Braga, aluna do programa de pós-graduação em Sanidade e Produção Animal Sustentável na Amazônia Ocidental, e uma parceria com a Universidade Federal de Londrina (Uel)
A pesquisa procurou identificar a atividade antibacteriana do mel de quatro espécies de abelhas-sem-ferrão do gênero Melipona encontradas na Amazônia. Os méis foram testados contra algumas espécies bacterianas importantes tanto para a medicina humana como para a veterinária.
“Os resultados dos testes in vitro mostraram efetividade de todos os méis contra a maioria dos microrganismos testados. Foi possível visualizar também através da Microscopia Eletrônica de Varredura, onde um dos méis testados causou muitos danos à célula bacteriana. Esses efeitos observados pela microscopia eletrônica de varredura mostram que o mel de abelha-sem-ferrão tem potencial terapêutico como agente antimicrobiano”, explicou Braga.
O aumento da resistência a antimicrobianos tem impulsionado a busca de novos compostos com potencial terapêutico. O mel é um nutracêutico muito tradicional, e a validação dessa ação antibacteriana nesse mel da região acaba agregando uma maior valorização no produto. “Nesse contexto, os compostos naturais têm sido apresentados como uma boa alternativa aos antimicrobianos atualmente utilizados, podendo atuar como auxiliares da terapia tradicional”, afirma.
Dentre as bactérias sensíveis ao mel estavam: Staphylococcus aureus, Streptococcus pneumoniae e Klebsiella pneumoniae – muito comuns em infecções hospitalares, onde os pacientes já apresentam as defesas do organismo debilitadas. Também Staphylococcus aureus isolado de mastite bovina, uma doença importante por causar grandes prejuízos à produção leiteira.
“O mel já é usado como medicamento pela população, mas até então não tínhamos estudos no Acre para comprovar a eficácia desse mel da região contra microrganismos. Então esse tipo de estudo realmente pode ajudar no desenvolvimento dessas pessoas. Por que à medida que esse conhecimento científico é gerado na universidade, existe um respaldo até para a estruturação de novos produtores de mel e ajuda na comercialização e valorização deste produto”.
Segundo a pesquisadora, ação mais importante observada no estudo foi a redução do crescimento bacteriano quando em contato com mel, pois, na microscopia eletrônica de varredura foi possível observar indícios da destruição da parede celular bacteriana, que é uma estrutura responsável por dar proteção e conferir certa resistência à bactéria, sem isso, a bactéria fica vulnerável e é destruída de forma mais fácil.
Na Ufac a pesquisa foi realizada por Susan Braga, Luciana dos Santos Medeiros (orientadora), Rui Carlos Peruquetti (co-orientador), Cynthia Dias Pereira e Myrna Tielly Santa Rosa. Além de pesquisadores parceiros da Uel, Victor Hugo Clebis, Gerson Nakazato, Admilton Gonçalves de Oliveira Jr. e Renata Katsuko Takayama Kobayashi.