Novos animais foram encontrados em quatro áreas no Estado
Um grupo de pesquisadores da Universidade Federal do Acre (Ufac), Universidade Federal Fluminense (UFF), Instituto Federal do Acre (Ifac) e Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) descobriram na Amazônia Ocidental novos mamíferos que são potenciais reservatórios de leptospirose.
“Nossas quatro áreas de estudo foram localizadas no Acre. No Seringal Cachoeira, uma floresta primária contínua e conservada; Reserva Florestal Humaitá, um amplo fragmento de uma floresta primária; no Parque Zoobotânico, um pequeno fragmento urbano, e na Reserva Catuaba, uma floresta secundária com agricultura”, explicou a médica veterinária e professora do curso de Medicina Veterinária e do Programa de Pós-Graduação em Sanidade e Produção Animal Sustentável na Amazônia Ocidental (PPGESPA) da Ufac, Luciana Medeiros.
A leptospira foi encontrada em diversas espécies de pequenos mamíferos, que compreendem marsupiais e roedores, e podem causar a doença tanto em animais como nos homens. Os tipos de bactérias encontradas foram L. interrogans, L. noguchii e L. santarosai.
“A pesquisa durou quatro anos contando com o planejamento, execução e análise dos dados. Esse trabalho só foi possível de ser executado graças às parcerias firmadas com a Fiocruz do Rio de Janeiro, o Ifac e a UFF. O financiamento por parte de agências públicas, como: CNPq, Fapac e Acordo Institucional IOC-Fiocruz/Ifac foi essencial para as despesas relacionadas aos materiais de consumo e permanentes utilizados neste projeto”, destacou Medeiros.
Em se tratando de saúde pública e animal, a pesquisa possibilitou identificar novos reservatórios da doença, planejar ações de prevenção voltadas para o controle e erradicação, como já é feito no controle dos roedores urbanos. “Agora precisamos entender como essa bactéria circula e se mantém nestes ecossistemas estudados”.
Essas são as primeiras evidências de pequenos mamíferos como portadores e/ou hospedeiros da leptospira spp na Amazônia Ocidental. Os resultados inéditos deste trabalho foram publicados na “Frontiers in Veterinary Science”, uma revista internacional de alto impacto.
“Especificamente neste projeto temos alunos de iniciação científica e uma doutoranda, estes trabalhos permitem formar novos cientistas na região amazônica. Ter pesquisadores acreanos, capacitados e prontos para atuar na área da educação e saúde pública é o maior legado destes projetos”, conclui Medeiros. O trabalho completo pode ser acessado através do site https://www.frontiersin.org/articles/10.3389/fvets.2020.569004/full.