Advogada de 35 anos pode encarar e vencer a morte
Que o ano de 2020 foi marcante para todos, isso é um fato, mas algumas pessoas tiveram a desventura de sentir seus corpos sendo marcados por um vírus que mudaria as suas histórias e as de suas famílias. Pelo menos foi isso que Isabela Fernandes sentiu após enfrentar a covid-19 e ser a primeira infectada do estado.
Após sair de uma comunidade do Estado do Rio de Janeiro e vir para o Acre, a jovem de apenas 35 anos vivia o que acreditava ser o auge da sua carreira, trabalhando como professora universitária, dirigente da Ordem dos Advogados do Brasil Seccional Acre (OAB-AC) e sendo referência entre os advogados do estado, até que em uma viagem para participar de um fórum a advogada contraiu o vírus da covid-19.
“Todos nós já havíamos escutado sobre a pandemia da covid-19, mas nem em meus maiores devaneios imaginei o que viria pela frente”, explica Isabela ao relembrar os momentos marcantes. Após a chegada ao estado, tudo permaneceu normal, até que cinco dias depois ela começou a apresentar alguns sintomas do novo coronavírus.
“Em nenhum dos meus atendimentos médicos houve qualquer suspeita da minha condição, mas por precaução, após uma febre incessante, fizemos o teste swab. Naquela época, os resultados demoravam três dias”, mas o pior ainda estava por vir.
Antes de receber a notícia de que realmente estava infectada com a covid-19, a advogada relata ter acordado com inúmeras ligações de parentes e amigos, questionando quem era essa tal advogada a se tornar a primeira contaminada pela doença. “Vários conhecidos querendo notícias minhas, porque minha imagem rodava os grupos de conversas da cidade com a notícia de que eu havia trazido o vírus para o Acre. Na imprensa não se falava outra coisa, no meio jurídico também. Quem era a advogada que estava contaminada?”
Segundo relatos da Isabela, a mídia também se aproveitou da situação e escreveu matérias tendenciosas. “Foram tempos sombrios, fui acusada de tudo e até ameaçada”, relatou a advogada.
Após alguns dias cumprindo a quarentena em sua residência, a jovem teve o seu quadro clínico agravado com intensas febres e falta de ar quando então foi levada para o Pronto Atendimento e lá permaneceu no oxigênio.
“Minha irmã, que é fisioterapeuta intensivista do Pronto Socorro, ficou comigo, mas ela não podia entrar, então nos falávamos entre as paredes. Chorei muito, mas confiei em Deus”.
Até que no dia seguinte sua irmã pôde entrar no isolamento, mas com notícias nada agradáveis. “Ela se sentou ao meu lado e disse: você está muito grave, vamos ter que te entubar. Só fiz duas perguntas: Vai doer? Ela disse: Não. Continuei: Eu vou morrer? Ela me disse que não sabia. Foi aí que peguei meu celular e mandei uma mensagem de despedida para os meus pais”, relatou.
Após muitos dias entubada, Isabela finalmente sai da entubação, e somente depois de três dias recobra a consciência para finalmente escutar o que ela mesma descreve como “milagre de Deus”.
“Minha irmã me explicou detalhadamente sobre minha morte e ressurreição diante da equipe médica. Foram 15 minutos de parada cardíaca, além da falência múltipla de órgãos em decorrência da Covid”.
“Eu sinceramente não atribuo minha recuperação senão ao fruto de muitas orações vindas de tantas pessoas que sequer eu tenho conhecimento. Claro que a equipe médica se dedicou incansavelmente, entretanto, eles mesmos me disseram que quem agiu para me ressuscitar dos mortos foi o meu Deus. Nenhuma sequela física permaneceu em mim”. Segundo a advogada, hoje ela se encontra muito melhor tanto física e mentalmente, desde que contraiu a covid-19.