Por toda cidade, os canteiros de obras estão desertos
O estoque insuficiente de cimento no Estado tem provocado inúmeros prejuízos para o setor da construção civil. Nas olarias, os tijolos estão estocados enquanto que nos canteiros de obras, os trabalhadores não comparecem por falta do material essencial.
Por toda cidade, os canteiros de obras estão desertos. Os trabalhadores da construção civil estão sendo demitidos. Na cidade do povo, empreendimento que mais emprega na capital, cerca de 500 operários cruzaram os braços. Pedreiro com 25 anos de experiência, Raimundo Gomes faz parte do grupo de 25 trabalhadores que esteve nesta quarta-feira (12) no sindicato da categoria para homologar a demissão. “Agora vou ter que esperar outra empresa me contratar”, lamentou.
Segundo o representante dos trabalhadores da construção civil, a situação está difícil e o sindicato da categoria trabalha para tentar segurar outras demissões. “Estamos negociando com os sindicatos das empresas para ver se seguramos os empregos pelo menos por mais 15 dias, para vermos o que pode acontecer nesse período”, disse José Aldemar.
E tudo isso, por que o cimento, material vital para a construção civil está escasso no mercado local. Dono de uma rede de materiais de construção, Rubenir Guerra explica que o estoque antes mantido em 20 mil sacas, agora está com duas mil. A empresa teve que limitar o volume de compras do produto. Está liberando apenas 10 sacas por clientes. “Depois que o rio Madeira encheu ficou muito problemático. O cimento é um produto que não pode molhar e com a cheia fica perigoso perder uma carga”, explica.
A falta de cimento no mercado também paralisou a comercialização de um dos materiais importantes na edificação das obras, o tijolo. Segundo o presidente do Sindicato das olarias e as cerâmicas do Acre, o movimento do setor caiu cerca de 50%.
A cerâmica administrada pelo empresário Wilson Maia nunca manteve estoque. Hoje, está com 100 milheiros a disposição, mas não conseguiu fechar nenhuma venda durante todo o dia. A situação, segundo ele se complica à medida que as contas começam a chegar. A crise provocada pela falta do cimento pode gerar no ramo das cerâmicas até mesmo demissões. “A gente tá aguardando pra segurar o quadro de funcionários, mas se continuar assim, teremos que diminuir bastante”, disse.
As grandes empresas de material de construção estão buscando alternativas. O empresário Guerra fechou compra de 12 mil sacas de cimento, com uma distribuidora do Peru. A quantidade será suficiente para atender os consumidores por até duas semanas.