Crime aconteceu durante espera de travessia no Abunã
O carreteiro Adílson Souza é mais um de tantos que tentaram atravessar os trechos alagados, mas foram vencidos pela água. A carga de forro com destino a Rio Branco ficou ilhada no caminho. “A água já está no meio da porta. Pensei que ia conseguir e acabei sendo surpreendido”, disse.
Essa tem sido a rotina de quem tenta passar pela rodovia que virou rio. Uma das soluções encontradas é a passagem de veículos em cima de guinchos. Máquinas adaptadas fazem o transporte.
José Carlos é gerente de um frigorífico. Há 20 dias, ele coordena a passagem de cargas da empresa. E se não bastasse à dificuldade logística, agora a preocupação é outra. “Deixamos a carga em Jacy-Paraná e durante a noite, ladrões abriram o baú e furtaram a carne. Prejuízo de R$ 240 mil”, argumentou.
Ao todo, 20 quilômetros da única rodovia que liga o Acre ao restante do país estão debaixo d’água. Por causa disso, no lugar dos veículos, as embarcações se transformaram no principal meio de transporte para moradores da região.
Mesmo em território rondoniense, é o corpo de bombeiros do Acre que está à frente dos trabalhos. São os militares que balizam a pista e ajudam durante a travessia. Momento em que é preciso muita atenção. Um pequeno descuido pode colocar tudo em risco.
E em meio ao caos, uma boa notícia. Nos últimos dias, o rio parou de encher. “Já vazou cerca de 30 centímetros”, explica o tenente-coronel Batista. Por dia, cerca de 20 veículos, entre carretas e caminhões com produtos de primeira necessidade conseguem seguir viagem.
Antônio Alves gastava uma semana entre Goiânia e Rio Branco. Desta vez, ele precisou de 18 dias para chegar ao destino final. Agora, o que o caminhoneiro mais quer é matar a saudade da família.