AINDA ENERGISA
É preciso reconhecer que a criação da CPI da Energisa encontrou no deputado estadual Roberto Duarte (MDB) a expressão política adequada. Duarte foi eleito pelo campo de forças políticas que apoiam Gladson Cameli, mas a postura anunciada de “independência” o leva a atentar mais o que exige o movimento popular do que o que apontam as articulações dos líderes partidários no plenário. A posição de destaque para criação da CPI dos deputados de oposição comunistas Genilson Leite e Edvaldo Magalhães é óbvia. Mesmo porque a proposta é de Genilson. Mas, não fosse a defesa de Duarte na tribuna, o cenário poderia ser bem outro.
DIFÍCIL
Não que Roberto Duarte tenha capacidade de intervir no voto dos colegas. Mas a força da oratória na tribuna ecoa as palavras de ordem que vêm das galerias. E é difícil um deputado não se deixar influenciar por esse conjunto.
POPULAR
Há um preço por essa postura “independente” de Roberto Duarte. Ele já é tratado pelo Palácio Rio Branco como um deputado de oposição. Encarna a expressão de uma forma de atuar no parlamento: um mandato popular. O emedebista entende que é mais democrático atender as demandas populares do que os interesses do Governo.
CÁLCULO
Ninguém é ingênuo. É claro que essa postura sugere um cálculo de quem quer se enxerir a outros projetos eleitorais. E Duarte já está autorizado pelo presidente do diretório estadual do MDB, deputado federal Flaviano Melo, a ser o candidato do partido à Prefeitura de Rio Branco. Ontem, inclusive, recebeu a solidariedade de correligionários do MDB e do senador Sérgio Petecão (PSD/AC) em um café da manhã. O senador conhece a pressão a que Duarte está sendo submetido: no currículo, foi quatro vezes presidente da Aleac. No encontro, ocorrido na casa do deputado, Duarte mais ouviu.
QUASE CAOS
O professor da Ufac na faculdade de Direito Francisco Raimundo Alves Neto realiza uma pesquisa sobre o Sistema Sócio Educativo. Quer provar com números e método o impacto da falta de políticas preventivas entre jovens com alta vulnerabilidade social. Já tem uma denúncia que aponta quase o caos no sistema de Educação do Acre: lideranças de facção estão remanejando os alunos, ditando quais devem estudar nesta ou naquela sala. Até na comemoração da Páscoa em algumas escolas são essas lideranças que dizem como o encontro deve ser e quem participa. É o Estado, dentro do espaço público, sem o mínimo controle.
JUSTIFICA
Isso justifica, em boa medida, o fato de muitos professores e diretores quase não demonstrarem prazer ou disposição em falar sobre Educação. A forma pseudo-crítica de falar sobre a rotina escolar é trazer detalhes sobre o cotidiano do tráfico na comunidade e o impacto disso na vida dos estudantes. Essa é a agenda. A moda não é falar de Piaget ou Paulo Freire, mas demonstrar alguma ousadia na defesa da escola contra o jovem traficante de plantão, líder do momento, inclusive se referindo a ele pelo apelido. Cenário triste.
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