Ação faz parte do projeto cidadão do Tribunal de Justiça do Acre
Fotos: Assessoria.
Ação social do Tribunal de Justiça do Acre (TJAC) contemplou 24 casais, que oficializaram a união no cenário exuberante do Rio do Croa. Além disso, o Estado do Acre e a prefeitura de Cruzeiro do Sul proporcionaram aos moradores atendimentos de saúde e assistência social.
Ana Clícia da Silva, de 17 anos, e Ivonaldo Lima, 26, se conheceram quando ele acompanhava um amigo professor que passava nas comunidades ribeirinhas dando aula. Ivonaldo contou a história do casal, acariciando a barriga da esposa, grávida de dois meses, com quem tinha acabado de oficializar a união no Casamento Coletivo, do Projeto Cidadão, realizado pelo TJAC, pela primeira vez na comunidade do rio Croa.
Para participar da cerimônia do Casamento Coletivo que oficializou a união de outros 23 casais, Ana Clícia e Ivonaldo fizeram uma viagem de oito horas de barco, vindo do rio Valparaíso, um dos afluentes do rio Juruá. O casal fez o percurso para Cruzeiro do Sul no domingo (26), e aguardaram até a data agendada, quarta-feira (29), para irem ao restaurante da dona Damiana e do seu Dedé, chamado “Sabor e Lenha”. Dedé, apelido para Reginaldo Costa da Cunha, e Damiana Cunha cederam o espaço, acolheram e compartilharam com todos e todas um pouco da maravilha que é viver tão próximo da natureza.
O cenário foi a decoração mais exuberante para o casamento, o rio, as árvores centenárias, a samaúma, as flores da vitória régia. O rio Croa é acessado pela BR 364, distante somente 21 km de Cruzeiro do Sul. Em suas margens moram famílias de ribeirinhos que agregaram às suas atividades cotidianas, o trabalho com o turismo, oferecendo passeios, almoços e visitas guiadas pelo rio. Contudo, assim como todo pedaço de biodiversidade, essencial para manutenção da saúde e da vida, corre risco constante, especialmente, com aumento das queimadas, da depredação e redução das políticas públicas de proteção à floresta amazônica.
Por isso, realizar essa edição do Casamento Coletivo dentro da comunidade ribeirinha, foi simbólico e marcou a posição em defesa da vida e da sustentabilidade, adotada pela presidente do Tribunal de Justiça do Acre (TJAC), desembargadora Waldirene Cordeiro, seguindo as determinações do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) nesta área.
Este também foi o retorno das ações do Projeto Cidadão ao presencial, que teve suas atividades suspensas em março de 2020, por causa da covid-19. Normalmente, os casamentos realizados pelo Judiciário dentro do Projeto Cidadão reúnem milhares de casais, com muito beijo, abraço e, como diz por aqui, um “furdunço só” de tanta festa. Mas, dessa vez, o número foi menor, limitado. Afinal, a pandemia da covid-19 ainda não acabou. Então, é essencial não descuidar, mesmo com o avanço na vacinação, que somadas ao distanciamento, uso da máscara e higienização das mãos, contribuíram para a redução das taxas de mortalidade no país e no estado.
Cerimônia e atendimentos
A organização do evento na comunidade foi feita pela Secretaria de Estado de Assistência Social, Direitos Humanos e de Políticas para as Mulheres (SEASDHM), com a Prefeitura de Cruzeiro do Sul, que antes da celebração dos casamentos, disponibilizaram atendimentos de saúde, com consultas odontológicas e testes rápidos de saúde, assim como, serviços de assistência social, para cadastros nos programas de auxílio.
O Casamento Coletivo teve 25 casais inscritos e habilitados, contudo, um casal não pode participar do ato. Mas, eles não desistiram, foi apenas que uns dias antes da cerimônia, a noiva entrou em trabalho de parto, então, não puderam comparecer à cerimônia. Por isso, a equipe do Projeto Cidadão juntamente com o cartório de registros da cidade vão entrar em contato para concretizar o casamento deste casal.
Durante a oficialização da união dos casais, o juiz de Direito Erik Farhat pediu aos noivos para dialogarem, se respeitarem e terem calma para resolverem seus conflitos. Para o magistrado, o Casamento Coletivo representa benefício e demonstra o empenho do Judiciário do Acre em chegar a todos que precisam.
“É de uma importância social incalculável a união dos casais, a reafirmação de muitos que já vivem juntos. A cerimônia neste lugar lindo que é a comunidade do Croa, isso tem um valor incalculável e mostra o Judiciário indo até esses locais distantes dos centros urbanos. Então, todos os envolvidos estão de parabéns”, disse o juiz Erik.
Aproveitando o cenário
A ação ainda foi prestigiada por diversas autoridades do Estado. Alguns estavam na cidade devido às comemorações dos 117 anos de Cruzeiro do Sul. Mas, todos foram unânimes quanto à beleza do lugar e falaram com os noivos sobre a oportunidade de realizarem o casamento no cenário do rio Croa.
O casal Ronis Messias Borges, 27 anos, e Jéssica Ribeiro, 30, não moram no Croa, são de Cruzeiro do Sul, mas aproveitaram a chance, pois, desejavam participar do casamento no local devido à beleza do rio e queriam oficializar a união sem a necessidade de pagar das taxas, que são cobradas nos cartórios. Mas, no Casamento Coletivo esses custos não são repassados aos noivos. O serviço é ofertado de forma gratuita a casais que não têm condições financeiras de arcar com essa despesa.
Quem também fez questão de participar foi a decoradora Marlene. Mesmo os encantos naturais sendo suficientes por sua beleza, ela contribuiu com a ação humanitária. A profissional trabalhou para deixar o ambiente ainda mais bonito. O Casamento Coletivo também teve outros voluntários, como a parceria do Ministério Público que tem um projeto social junto ao conservatório de música de Cruzeiro do Sul e a orquestra sinfônica, que foi até o Croa tocar e embalar as emoções do dia. Teve ainda a doação do bolo de casamento para os noivos e o apoio dos pastores Jucemir Bernardinho e a pastora Milca, funcionária da SEASDHM.
Diante de tanto cuidado e carinho, outro casal, Antônia Fernandes do Nascimento, 25, e Daniel Tomé de França, 38, também quiseram se casar na ação. Eles se conheceram quando Daniel viu a foto de Antônia nos stories do Instagram de uma cunhada dela e buscou conversar com Antônia. Eles namoraram por um ano e agora se tornam recém-casados, graças ao acesso dado pelo Judiciário do Acre, com a realização do casamento coletivo. “É importante casar aqui, nesse local tão lindo, com essa organização. Foi muito bonito e agradeço a oportunidade. Estou muito feliz e foi importante participar, porque a gente está se unindo”, comentou a noiva.