Esta resenha pretende analisar o filme “Como era gostoso o meu francês”, abordando o contexto histórico e cultural no Brasil, como também, fazendo referências ao Cinema Novo brasileiro.
O filme foi dirigido e escrito por Nelson Pereira dos Santos, editado por Carlos Alberto Camuyrano e estrelado por Arduíno Colassanti, Ana Maria Magalhães, Eduardo Imbassahy Filho, Gabriel Archanjo e José Kléber.
“Como era gostoso o meu francês” tem duração de 1h20min, é um filme do gênero de aventura, romance e drama, que se passa no Brasil no ano de 1594.
O filme inicia-se com o “Francês” (personagem sem nome), sendo jogado ao mar, acorrentado por seu grupo, sendo destinado à morte, porém, consegue se salvar e fugir. Logo em seguida, é capturado pelos indígenas Tupiniquins, no entanto, os indígenas são atacados pela aldeia rival, os Tupinambás, que acabam levando o Francês para a sua comunidade.
O desenrolar do filme acontece com o Francês aprendendo os costumes dos indígenas e se apaixonando por Seboipepe, que cuidava dele enquanto prisioneiro. A finalização do filme termina de maneira trágica em um culto de canibalismo da comunidade.
As vertentes a serem analisadas no filme são históricas que muito se assemelha à colonização, assim como, a cultura indígena e suas histórias. Pode-se observar que no filme o Francês acaba sendo, de certa forma, colonizado.
Ou seja, podemos comparar com o Brasil em 1500 quando os portugueses chegaram e colonizaram os indígenas locais e ensinaram seus modos, religiões e culturas. É exatamente esse conceito que o Cinema Novo quer trazer, uma reflexão sobre a realidade atual, em representação ao passado.
O Cinema Novo brasileiro no filme traz uma nova perspectiva da história brasileira, uma história contada do ponto de vista dos colonizados. Por isso, o Cinema Novo brasileiro se inspirou em trazer novas técnicas, pois a precariedade das filmagens por falta de patrocinadores e investimentos eram grandes e, por isso, coincidiu, a partir de filmagens precárias, filmes independentes conceituais.
A outra vertente a ser analisada é a terceira fase do Cinema Novo brasileiro em que o filme passou, sendo notória as características do Tropicalismo da década de 60, a partir das cores que os indígenas usavam nos rituais e nos chocalhos. Como também, o antropofagismo explícito nas cenas iniciais do filme quando expõe várias pinturas primitivas e, também, ao final trágico do filme, que representam uma forma dos indígenas antigos.
O filme é bastante cultural, trazendo ao espectador uma sátira, mas também fatos da história colonial do Brasil. Assim, na linguagem cinematográfica, levanta questões sobre a construção da narrativa dada. Contudo, o filme preserva os idiomas nativos, danças, formas de organização na aldeia e arte nas pinturas e cores.
O filme “Como era gostoso o meu francês” é indicado para quem gosta de filmes brasileiros com baixo orçamento, mas que acima de tudo, goste de perceber as críticas e versões impostas no filme. Mas que também esteja interessado no Movimento Antropofágico de Oswald de Andrade, Tropicalismo e o Cinema Novo Brasileiro.
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Juilyane Abdeeli é aluna de Jornalismo na Universidade Federal do Acre e estagiária na TV Gazeta