O Acre alcançou o sexto caso de feminicídio em 2024. Jairton Silveira Bezerra, de 45 anos, é suspeito de ser o responsável pela morte da ex-esposa, Paula, em Rio Branco, neste domingo (28).
O crime aconteceu em uma área próxima ao apartamento da vítima, onde Paula estava acompanhada da família. Mesmo sob medida protetiva contra o ex-marido, Paula foi abordada e morta a golpes de faca após ser seguida pelo suspeito, que não aceitava a separação.
Esse caso intensifica as questões envolvendo o combate ao feminicídio no estado. Em agosto de 2024, o Relatório Anual Sintético 2023: Mortes Violentas Intencionais, da Polícia Civil do Acre (PCAC), apontava cinco feminicídios até então, demonstrando uma redução de 37,5% em comparação ao mesmo período do ano anterior. Contudo, este aumento para seis casos gera alerta para violência de gênero no estado.
Em estrevista ao site Agazeta.net em agosto deste ano, a procuradora Patrícia Rêgo destacou a importância das políticas públicas implantadas, como a criação da Secretaria da Mulher (Semulher) e a nova Delegacia da Mulher (Deam), além de leis específicas para proteção e atenção aos órfãos de feminicídio.
Para ela, embora o estado tenha alcançado uma redução nos casos, é necessário cautela e vigilância contínuas. “Esperamos que a redução se mantenha, mas sabemos que ainda há muito a ser feito”, pontua Rêgo.
Também em entrevista, a advogada Tatiana Martins reforçou a necessidade de ações preventivas e educativas, lembrando que é prematuro afirmar uma tendência de queda sustentável.
Ela aponta que ainda é necessário fortalecer a confiança das mulheres nas instituições de proteção e implementar a Lei n° 14.164/21, que inclui temas de prevenção à violência contra a mulher nos currículos da educação básica, ainda não aplicada no estado.
Por fim, a capitã Priscila, à frente da Patrulha Maria da Penha, que acolheu cerca de 10 mil mulheres nos últimos cinco anos, afirmou que as ações preventivas e educativas da patrulha são fundamentais para evitar novos casos de feminicídio.
Segundo a capitã, nenhuma das mulheres atendidas pela patrulha foi vítima de feminicídio desde então, evidenciando a importância do apoio contínuo para garantir a segurança de mulheres em situação de vulnerabilidade.
Canais de Ajuda
Este caso de feminicídio evidencia a persistência da violência de gênero e os riscos enfrentados por mulheres, mesmo quando recorrem a medidas legais para a proteção.
O acolhimento da vítima é essencial para romper o ciclo de violência e desvincular-se do agressor. É fundamental contar com uma rede de apoio, que pode incluir familiares e amigos, além de serviços especializados que oferecem assistência jurídica e psicológica.
As vítimas podem procurar a Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam) pelo telefone (68) 3221-4799 ou a delegacia mais próxima.
Também podem entrar em contato com a Central de Atendimento à Mulher, pelo Disque 180, ou com a Polícia Militar do Acre (PM-AC), pelo 190. Outras opções incluem o Centro de Atendimento à Vítima (CAV), no telefone (68) 99993-4701, a Secretaria de Estado da Mulher (Semulher), pelo número (68) 99605-0657, e a Casa Rosa Mulher, no (68) 3221-0826.