“Não dá para continuar se não consigo vender o que fabrico”
Quando abriu a Acreplast, no Distrito Industrial de Rio Branco, o empresário Raiolando Costa apostou alto no mercado de forro de PVC que estava crescendo no Estado. Em poucos anos de atividade, a imagem marcante da fábrica são as máquinas paradas. Dos 32 funcionários, restam apenas dois.
Sem condições de competir com os produtos que vêm de outros estados, Raiolando vai fechar a fábrica. “Nunca pensei que chegasse a essa situação. Mas, não dá para continuar se não consigo vender o que fabrico. O jeito é fechar. Infelizmente, dezenas de trabalhadores vão ficar sem renda. Não posso fazer nada”, declarou.
Na outra parte do prédio, o empresário mantém funcionando as máquinas de fazer embalagens plásticas. Ele também vai reduzir o número de funcionários desse setor. Alguns equipamentos já estão parados.
Os impostos que paga todos os meses fizeram Raiolando Costa cortar custos. Só de energia são R$ 70 mil por mês.
Ainda não existe um levantamento especifico, mas empresas não param de fechar as portas em Rio Branco. A revendedora da Nissan e a Coca-cola são mais dois exemplos e, com isso, o número de desempregados vai se multiplicando.
O diretor da Fecomercio (Federação do Comércio do Acre), Alex Barros, explicou que
o desemprego virou uma bola de neve. As pessoas sem renda não consomem, e como o comércio não consegue vender, as empresas fecham e são menos postos de trabalho.
Segundo dados da federação, 2016, historicamente, foi o pior ano para venda do varejo. O desemprego gerou uma desconfiança e até quem manteve o emprego ficou com medo de contrair dívidas.
Outros dados apontam que 78% dos consumidores estão endividados com o cartão de crédito e outro grande grupo não consegue quitar os débitos do carnê.
Para completar, os empresários enfrentam o sistema de cobrança de impostos do Governo do Estado, que, mesmo na crise por que passa o Estado, não ajuda os empresários e consumidores.
“Se não houver uma política de incentivo à indústria e comércio, a tendência é o fechamento de mais empresas e uma retração maior nas vendas. A saída é mexer na carga de impostos e outros incentivos”, explicou.
O secretário de Indústria e Comércio, Sibá Machado, informou que o Estado prepara um pacote de medidas para incentivar o comércio, indústria e consequentemente a geração de empregos e pode mexer em impostos.
“Vamos nos reunir com a Fecomercio e Fieac para saber como poderemos mexer em leis que possam ajudar a alavancar a geração de emprego que é nossa prioridade. Brevemente, estaremos anunciando essas mudanças”, explicou Sibá.